Nós aqui do IBI falamos sempre sobre a Israel imaginária e seus usos políticos. Na crise do coronavírus apareceram novos “bons” (e trágicos) exemplos desses usos.
Em determinado momento de uma live da semana passada, o presidente Bolsonaro tentou diminuir os riscos da epidemia. Nesse contexto, ele disse: “Israel já esta desenvolvendo uma vacina e mais uma vez vai nos salvar”.
É isso que chamamos de Israel Imaginária.
De fato, como outros países que investem em educação e pesquisa, há pesquisadores israelenses (por exemplo, do Galil Research Institute) avançando no desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus. Entretanto, nenhum deles tem a pretensão de que a vacina fique pronta muito em breve (pesquisas nesse sentido podem durar anos), nem de “salvar o mundo”.
Pelo contrário, reconhecendo as dificuldades e problemas da atual conjuntura, Israel tem tomado medidas bastante restritivas. Já no início de março, o primeiro ministro Benjamin Netanyahu foi à televisão, falou em “crise sem precedentes” e pediu aos israelenses para adotarem outros hábitos frente à disseminação do vírus, por exemplo, para evitarem cumprimentar uns aos outros “dando as mãos”.
Israel real está longe dos poderes messiânicos que o presidente brasileiro supõe que o país tenha. Sem atribuições milagrosas, o que faz o governo israelense é investir em prevenção, em rígidas leis de contenção e, principalmente, não chamar a pandemia de uma simples gripe.