Diário de Viagem: um resumo da visita a Israel de Caroline Beraja

A estudante de Geografia e Relações Internacionais Caroline
Beraja representou o IBI na Hassefá Baaretz, um programa em Israel organizado
Federação Israelita do Estado do São Paulo, que visa proporcionar aos
participantes qualificação e atualização de conteúdos relacionados à
geopolítica do Oriente Médio e sociedade israelense a partir de diferentes
pontos de vista. Caroline ocupou uma das duas vagas destinadas a jovens, no
programa.

Nos primeiros dias ela assistiu palestras, como a da
estrategista militar Avital Leiboich, na qual foram abordadas as questões
referentes às fronteiras israelenses. Em outra mesa, assistiu dois jornalistas
israelenses: Henrique Cymerman, um judeu português; e Khaled Abu Toameh,
árabe-israelense. Cymerman trouxe uma perspectiva da relação diplomática de
Israel com outros países chave no Sistema Internacional e a relação do país com
os judeus da diáspora. Já Toameh falou sobre a vida dos árabes-israelenses em
Israel e sua relação com o governo de Bibi, além da atuação deste governo para
com a sociedade palestina e sua representação política.

Nos dias que se seguiram, o grupo fez diversas visitas.
Entre elas, uma ao Ministério das Relações Exteriores de Israel, onde Oren
Bar-El, vice-diretor da chancelaria israelense, falou com o grupo sobre as
perspectivas das relações Brasil-Israel. Em uma visita à Knesset, o grupo se
encontrou com parlamentares de diferentes partidos. “As conversas com os
parlamentares e a atmosfera da Knesset foram muito importantes para entender o
momento político pelo qual Israel está passando”, relata Caroline.

Houve, também, uma visita à base da divisão de salvamento do
exército israelense, que esteve em Brumadinho, na ação de resgate após a queda
da barragem da mineradora Vale, em Minas Gerais. “Eles explicaram a estratégia
da missão e disseram que seu intuito era puramente humanitário. Se houve
interesses políticos por trás da ação, isso passou ao largo dos integrantes da
divisão”, conta Caroline. A jovem também participou de um jantar na casa do
Embaixador do Brasil em Israel, Paulo César Meira de Vasconcelos, que organizou
a visita do Bolsonaro a Israel.

O canal de notícias I24NEWS, que transmite notícias para
todo o mundo através de três canais televisivos (em inglês, francês e árabe),
também foi visitado pelo grupo. O canal busca ser a principal fonte de notícias
do Oriente Médio, disputando atenção com a narrativa da Al Jazeera.

Em diversos momentos, o grupo esteve próximo às fronteiras
israelenses. Perto da divisa com a Faixa de Gaza, por exemplo, havia uma
plantação de trigo queimada. Alguns grupos situados na Faixa de Gaza têm
enviado balões para queimar plantações no lado israelense. Por vezes, esses
balões atingem casas e pessoas. “Ainda saía fumaça quando estivemos por
lá”, conta Caroline. Os participantes do programa estiveram ainda na
Cisjordânia, próximo a um ponto de delimitação da Linha Verde. O ponto era um
mirante, onde era possível visualizar, geograficamente, onde foi traçada tal
linha. Avi Melamed, analista de Oriente Médio, no mirante, deu um panorama
histórico da Cisjordânia e nos situou no espaço e no tempo.

Em uma visita ao projeto Amigour, iniciativa que busca
cuidar de idosos em situação de vulnerabilidade (principalmente sobreviventes
do holocausto e fugitivos da URSS), os residentes que participam do coral se
apresentaram ao grupo da viagem. Já na Aleh Negev, uma vila de reabilitação
para deficientes físicos e intelectuais de todas as idades e grupos sociais, os
participantes do programa conversaram com o diretor do local. “É o único centro
de reabilitação do Negev, uma região desértica na periferia de Israel. E, ainda
assim, consegue manter o tratamento de ponta e acessível para a população”, destaca
Caroline. A ideia de ambas as iniciativas é dar aos residentes autonomia e
proporcionar-lhes atividades sociais e cuidados médicos.

Algumas minorias da sociedade israelense também fizeram
parte do roteiro. O grupo passou por Rahat, a maior cidade Beduína de Israel.
Como os beduínos são um povo árabe do deserto, uma parte desse grupo social
optar por se estabelecer em um centro urbano gerou muitos questionamentos
dentro de sua organização social. A partir dessa cidade, inicia-se um esforço
de representação política da comunidade Beduína, que não estava organizada.
Mohammed Darawshe recebeu o grupo na Escola Internacional de Guivat Haviva, um
centro de estudos que une árabes e judeus. Mohhammed, que é árabe-israelense e
especialista em resolução de conflitos, contou sobre a situação dos
árabes-israelenses em Israel e suas opiniões e propostas para a tal comunidade
no país. Houve, também, uma visita a Usefiya, um vilarejo Druso, onde o grupo
almoçou em um restaurante caseiro, tradicional, e conversou com Viola Abu sobre
a cultura Drusa e como esta vem se modernizando. Viola contou como é a vida da
comunidade Drusa em Israel e, em especial, os desafios das mulheres da
comunidade.

O tema da vida das mulheres também teve seu destaque entre
as visitas. As líderes do projeto “Women Cooking”, que une mulheres
da periferia para cozinhar, recebeu o grupo para um almoço. As mulheres do
projeto passam a trabalhar no ramo, o que gera uma independência econômica.
Normalmente, essas mulheres compõem parte importante da renda da família, e
ainda assim, lutam dentro do ambiente familiar para que as aceitem dessa forma
(os homens não aceitam que as mulheres trabalham). Anat Hoffman, líder
histórica do movimento “Mulheres do Muro”, que luta pela igualdade de
culto das mulheres no Muro das Lamentações em Jerusalém, também falou com os
participantes. Ela contou sobre sua trajetória na luta do movimento e contou um
pouco de suas ações em seus mandatos como Vereadora em Jerusalém. Anat relatou
suas impressões e opiniões sobre Jerusalém Oridental e suas propostas em
relação à região, na Prefeitura.

Houve também, conversas sobre a relações entre Israel e os
judeus na diáspora. Tzvika Klein, jornalista que busca relatar sobre os judeus
da diáspora na mídia israelense, além de tratar de temas como imigração e
absorção destes judeus em Israel, falou com o grupo. Michel Abadi, coordenador
do projeto Beit Brasil, um projeto que busca acolher imigrantes brasileiros em
Israel e formar uma comunidade, recebeu o grupo para um jantar.

A viagem do grupo, que esteve em locais sagrados e considerados
históricos para diferentes religiões e povos, encerrou com um tour pela Cidade
Velha de Jerusalém.

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