Há 80 anos, na noite de 9 para 10 de novembro de 1938, milícias nazistas e a população civil alemã lançaram um covarde ataque contra estabelecimentos e pessoas judias.
A ordem partiu do governo. Um telegrama assinado pelo chefe da segurança nazista, Reinhard Heydrich, deu as instruções aos líderes do partido e das polícias locais para as manifestações que se seguiriam.
Com o assunto “Medidas contra os judeus hoje” e carimbo de “secreto”, o documento dizia:
“Apenas ações que não ameacem vidas e propriedades alemãs podem ser realizadas (por exemplo, incêndios de sinagogas quando não houver ameaça de fogo nos arredores). Lojas e residências de judeus podem ser destruídas mas não saqueadas. Cuidado especial deve ser tomado em ruas comerciais para que negócios de não judeus sejam completamente protegidos de danos. O máximo de judeus, particularmente judeus afluentes, deve ser preso em todos os distritos o tanto quanto puder ser acomodado nas instalações de detenção existentes. Por enquanto, apenas homens saudáveis, de idade não muito avançada, devem ser detidos. Imediatamente após as prisões serem realizadas, os campos de concentração apropriados devem ser contatados para que os judeus sejam acomodados o mais rapidamente possível”.
O episódio ficou conhecido como “Noite dos Cristais”, devido à quantidade de vidraças de lojas que ficaram pelas calçadas.
Ao todo, 91 pessoas foram mortas, mais de mil sinagogas destruídas e milhares de cemitérios, casas e escolas judaicas vandalizadas na Alemanha, na Áustria e na Tchecoslováquia.
Trinta mil judeus foram detidos, a maioria levada a campos de concentração.
Os agressores eram muitas vezes vizinhos ou conhecidos das vítimas. E, como se não bastasse, a comunidade judaica alemã foi responsabilizada pelos prejuízos, recebendo uma multa coletiva.
Historiadores, hoje, afirmam que a determinação para o pogrom alemão foi estratégica. Governo e partido pretendiam avaliar a reação a atos de violência abertos. Com a indiferença e mesmo a colaboração de setores majoritários da sociedade, as autoridades se sentiram mais seguras para avançar na direção de um plano contra judeus na Europa.
[com informações da Folha de S. Paulo]