“Afinal, o que você chama de ocupação?” foi o tema da nona aula do curso de formação do IBI em São Paulo, ministrada por Karina Calandrin.
Segundo a doutoranda e professora de Relações Internacionais, existe discordância na literatura acadêmica e nos movimentos políticos sobre quando de fato a chamada ocupação israelense começou, se em 1967, com a Guerra dos Seis Dias e a ocupação da Península do Sinai, as Colinas do Golã, Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental, ou se em 1948, com a Resolução 181 da Organização das Nações Unidas sobre a Partilha da Palestina, que estabeleceu o Estado de Israel.
Segundo a professora, a primeira visão diz respeito à comunidade internacional como um todo, que aceita a existência do Estado de Israel mas que considera ilegal a presença israelense nos territórios conquistados em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias.
A segunda visão, segunda Karina, é aquela segundo a qual a ocupação israelense começou em 1948. Os grupos vinculados a esta narrativa geralmente questionam a legitimidade da fundação do Estado de Israel na Palestina histórica, à época sob mandato britânico, e denominam o processo de independência do Estado judeu como Nakba, a catástrofe palestina.
A professora, depois de contextualizar e explorar as principais visões sobre o que se aponta como ocupação, colocou que este é um dos temas mais polêmicos e complexos no conflito entre israelenses e palestinos, e concluiu que não há qualquer consenso sobre a questão. Assim, apontou para a necessidade de entendimento da complexidade deste assunto e sobre a necessidade de nos informarmos sobre as várias narrativas existentes para sabermos do que estamos falando quando discutimos ocupação.