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Guilherme Casarões ministrou a aula “A Palestina fica no Oriente Médio. Israel também”, na última segunda-feira, 03/09, no curso de formação do IBI.
O professor de Relações Internacionais da FGV começou a aula partindo da pergunta “como entender a geopolítica do Oriente Médio?”. Trazendo à tona um diagrama das relações geopolíticas da região, deixou claro que trata-se de uma das redes de relações geopolíticas mais desafiadoras de serem compreendidas, sugerindo que devemos desconfiar de quem traz narrativas simplistas e de fácil resolução sobre o tema.
No que diz respeito ao conflito israelo-palestino, um dos pontos de destaque da aula foi justamente mostrar que a narrativa de um lado, nem sempre é a narrativa do outro, e que é preciso estar atento a isso para compreensão das disputas, também simbólicas, que estão sendo constantemente travadas.
Assim, Casarões trouxe alguns dos principais exemplos envolvendo a disputa por narrativas: se, por um lado, podemos pensar os séculos XIX/XX como o momento da construção do nacionalismo judaico na Europa, por outro, podemos pensar também como o período de construção do nacionalismo árabe no Império Otomano; Se, na ótica hegemônica israelense, o ano de 1948 contou com a fundação do Estado de Israel e uma guerra de independência, na visão hegemônica palestina, foi o ano da “nakba” (catástrofe), em que 750.000 mil palestinos foram expulsos de suas terras; se a Segunda Intifada foi vista em Israel como um movimento terrorista, na Palestina foi um marco de resistência.
Segundo o professor, por conta das diferentes narrativas envolvendo cada lado da história, as demandas políticas objetivas também variam. Isto é, se uma das principais demandas dos israelenses é o reconhecimento de Israel como Estado judeu, do lado palestino, é o direito de retorno dos refugiados pré-1948; Se, de um lado, o problema das regiões fronteiriças é o uso da violência e o terrorismo, do outro lado, são os assentamentos na Cisjordânia.
Para Casarões, as soluções possíveis para o conflito entre israelenses e palestinos, seus limites e desafios, devem ser pensados tendo em vista os múltiplos olhares possíveis sobre a história, a região e as diversas narrativas possíveis envolvendo cada perspectiva.