TEL AVIV – Foram dois anos de caos e incerteza. Desde o começo da pandemia de Covid-19, em março de 2020, a indústria do turismo israelense passou por maus bocados – como deve ter acontecido com o turismo em todo o mundo. Mas, no caso de Israel, o contraste foi ainda maior porque 2019 foi o ano em que a esta parte do mundo recebeu mais visitantes em toda a História: 4,5 milhões. Então, quando a pandemia fechou tudo, a queda foi drástica. Passou de um recorde histórico para um recorde negativo também histórico.
Mas, após cinco ondas de coronavírus, meia dúzia de semiaberturas do espaço aéreo (seguidas de novos fechamentos) e uma guerra contra o Hamas (em maio de 2021), finalmente Israel liberou a entrada de turistas ao país com pouquíssimas restrições e condições. Ainda é necessário fazer o teste de PCR de Covid antes de embarcar para Israel e realizar outro ao chegar. Mas o turista só precisa se isolar até chegar o resultado do teste (em geral, algumas horas). Todos esperam que a abertura seja final – apesar de possíveis novas variantes de Covid e da sempre complicada relação com os palestinos.
O Ministério do Turismo de Israel estima que aproximadamente 30.000 turistas chegarão a Israel em meados de abril para os feriados de Pessach, Páscoa e Ramadã, que este ano coincidem. O Pessach (Páscoa judaica) vai de 15 a 22 de abril; a Páscoa cai em 17 de abril e o Ramadã vai de 1° de abril a 1° de maio.
O aumento gradual do turismo desde a reabertura dos céus de Israel no mês passado já pode ser visto e ouvido nos locais turísticos, religiosos e culturais de todo o país. Em março, foram registradas 167.300 entradas de turistas (contra 80.700 em março de 2020). Esse aumento dramático em relação a março de 2021 aponta para uma tendência de recuperação do turismo de entrada em Israel. As pessoas estão prontas para viajar mais uma vez.
Isso dá esperança aos trabalhadores do setor do turismo em Israel. Por dois anos, muitos tiveram que pedir ajuda financeira ao governo e buscar novas fontes de renda, como dirigir táxi ou trabalhar com aplicativos de entrega. O próprio ministro das Finanças, Avigdor Liberman, sugeriu em dezembro de 2021 que agentes de viagens e guias turísticos começassem a “mudar de profissão”. Isso porque não queria manter a assistência financeira ao setor. Teve que pedir desculpas.
Agora, tudo mudou. Desde a reabertura do país aos turistas, o setor voltou à vida. Guias e agentes voltaram a sorrir. E a demanda por esses profissionais está explodindo. O setor hoteleiro também está voltando à boa forma. Os preços das diárias subiram, indicando que os hotéis estão se sentindo muito fortes em relação aos números de reservas. A demanda reprimida está fazendo seu papel. O mesmo acontece com donos de imóveis que alugam a turistas por temporada, principalmente pelo Airbnb.
Entre todos os tipos de turistas, os peregrinos cristãos (60%, em geral) são os que mais estão voltando. As excursões e peregrinações cristãs já são vistas em todos os locais santos. Muitas delas foram remarcadas várias vezes entre 2020 e 2021 e agora estão acontecendo. No caso dos turistas judeus, a proximidade do verão no Hemisfério Norte está levando a uma procura sem precedentes por passagens, hotéis, locação de carros e etc.
Toda a demanda reprimida de dois anos de coronavírus estão inundando Israel e a Terra Santa como um todo (Palestina e Jordânia), como se uma barragem tivesse sido aberta de supetão. Há quem acredite que 2022 superará 2019, batendo o recorde histórico daquele ano.