Três das principais organizações americanas de advocacy judaico e pró-Israel dos EUA emitiram notas criticando a decisão do governo israelense de impedir a entrada das congressistas americanas Ilhan Omar e Rashida Tlaib no país.
O American Jewish Committee (AJC), por meio de um comunicado de seu CEO, David Harris, indicou que “Israel não escolheu sabiamente”. Pelo Twitter, o American Israel Public Affairs Committee (AIPAC) disse acreditar que “todos os membros do Congresso devem poder visitar e experimentar em primeira mão o nosso aliado democrático Israel”. Já a J Street, em nota de seu presidente Jeremy Ben-Ami, afirmou: “Esta decisão do primeiro-ministro Netanyahu é perigosa, inaceitável e errada”.
Confira as notas na íntegra.
American Jewish Committee – AJC
Como amigos de longa data e apoiadores de Israel, a AJC sempre acreditou que visitar Israel é essencial para obter uma melhor compreensão desse país dinâmico e dos verdadeiros desafios de segurança que enfrenta.
Quando as congressistas Ilhan Omar e Rashida Tlaib anunciaram seus planos de visita, o governo israelense decidiu permitir a entrada delas no país, apesar de sua implacável hostilidade em relação ao Estado judeu e seu apoio ativo ao movimento BDS. Esta decisão, apoiada pela AJC, foi feita acima de tudo, em respeito ao fato de que ambos são membros do Congresso dos EUA, e que Israel legitimamente se orgulha de ser uma sociedade aberta e democrática.
Nosso entendimento é que as congressistas não solicitaram nenhuma reunião com autoridades israelenses, membros do Knesset (Parlamento) de qualquer partido tradicional, nem instruções sobre qualquer assunto de especialistas israelenses de destaque. O fracasso dos legisladores em incluir quaisquer perspectivas israelenses revela que isso não foi uma missão de busca de fatos, mas sim um exercício de propaganda. Chegaram ao ponto de chamar a viagem de “Delegação à Palestina”, deixando claro que não vinham ouvir de vários pontos de vista, mas sim minar a própria legitimidade do Estado de Israel.
A AJC acredita que, de duas opções abaixo do ideal, nenhuma das quais estava isenta de riscos, Israel não escolheu sabiamente, revertendo sua decisão original.
Embora respeitemos plenamente o direito soberano de Israel de controlar a entrada no país, um direito que toda nação emprega, e embora não tenhamos ilusões sobre as visões implacavelmente hostis dos deputados Omar e Tlaib sobre questões relacionadas a Israel, acreditamos, no entanto, que os custos nos EUA de impedir a entrada de dois membros do Congresso podem ser ainda maiores do que a alternativa.
American Israel Public Affairs Committee – AIPAC
Discordamos do apoio das deputadas Omar e Tlaib ao movimento anti-Israel e anti-paz BDS, juntamente com os apelos da deputada Tlaib por uma solução de um Estado. Também acreditamos que todos os membros do Congresso devem poder visitar e experimentar em primeira mão o nosso aliado democrático Israel.
J Street
Esta decisão do primeiro-ministro Netanyahu é perigosa, inaceitável e errada. Como membros do Congresso que representam centenas de milhares de americanos em seus distritos, as deputados Omar e Tlaib têm o mesmo direito de cada um de seus colegas de visitar Israel e o território palestino ocupado.
Podemos discordar das opiniões que os membros mantêm sobre questões como o BDS ou com a deputada Tlaib no que se refere à solução dos dois Estados, mas a abordagem correta para um Estado que valoriza a democracia é receber críticas e debates, e não encerrá-la.
O fato de o presidente Trump já ter twittado seu próprio apelo para que a entrada dessas representantes seja negada ilustra que essa decisão é motivada puramente por política e ideologia – não pelos interesses do Estado de Israel. É uma afronta ao Congresso e ao povo americano e causa sérios danos ao relacionamento EUA-Israel – e deve ser revertido imediatamente.