O espaço de caracteres de um tuíte se tornou ainda mais restrito para alguns grupos de discussão que debatem política por meio da rede social, no Brasil. Com a limitação dos textos para discussão e até para a descrição do próprio perfil, muitos usuários do Twitter adotaram os emojis como uma forma de ampliar o sentido de suas ideias e resumir as ideologias identificadas com os grupos “de direita” e “de esquerda”, na websfera.
Foi assim que as chamadas “bolhas” absorveram alguns emojis, ampliando seus usos e atribuindo novos significados, como os ícones que simulam gestos com as mãos e até bandeiras de nações como a Palestina e o Estado de Israel.
O emoji identificado como o sinal de arma feito com as mãos, bastante utilizado pelo então candidato Jair Bolsonaro para popularizar sua campanha em prol da ampliação do porte de armas, no país, é um dos preferidos dos seguidores do atual presidente.
Nessa mesma esteira, o grupo que se identifica com os valores da ultra direita brasileira adotou o emoji da bandeira de Israel como um símbolo de seus valores conservadores. Em oposição a essas ideias, os usuários que se alinham com o ideal da esquerda brasileira abraçaram o emoji da bandeira da Palestina.
As atribuições dadas aos ícones usados na rede social, em especial as bandeiras de Israel e Palestina, podem parecer aleatórias, mas seguem uma gramática de internet particular em que está embutida a noção do que o professor de história Michel Gherman, colaborador do IBI e coordenador do Núcleo de Estudos árabes judaicos da UFRJ, conceitua como “Israel Imaginário”.