“Tome nota!
Sou árabe
Sou o meu nome próprio- sem apelido
Infinitamente paciente num país onde todos
Vivem sobre as brasas da raiva.
As minhas raízes…
Foram lançadas antes do nascimento do tempo
Antes da efusão do que é duradouro
Antes do cipreste e da oliveira
Antes da eclosão da erva”
– Trecho do poema “Bilhete de Identidade”, de Mahmoud Darwish
O poeta Mahmoud Darwish desperta reflexões sobre identidade e pertencimento do povo palestino. Através do seu poema, a doutoranda em Relações Internacionais da PUC- Rio, Carla Habif, iniciou a aula “Nacionalismo e Política Palestina” do curso do IBI, no Rio de Janeiro.
A professora destacou a obra “Comunidades Imaginadas”, de Benedict Anderson, para discutir o conceito de nacionalismo. Nesse sentido, o nacionalismo se desenvolve a partir de construções sociais e históricas. Um argumento usado com recorrência para deslegitimar o movimento nacional palestino é o de que o povo palestino teria sido um “povo inventado” e que “os palestinos não existiam antes”. Segundo Carla e de acordo com os conceitos de Anderson, os movimentos nacionais são, de fato, construídos socialmente. Ou seja, não apenas o nacionalismo palestino foi inventado, o francês, alemão e sionista, por exemplo, também foram.
Para compreender a situação política e social dos palestinos hoje, foram discutidas as relações entre os países árabes ao longo do século XX e de que forma esses se relacionam com a questão Palestina. De acordo com Carla, uma particularidade do nacionalismo palestino dentre outros movimentos nacionais da região é o fato de que este não teve uma figura central de liderança. Yasser Arafat, apesar de ser uma liderança muito reconhecida pelo movimento nacionalista palestino hoje, ganhou protagonismo tardiamente.