O finado líder terrorista Nasrallah em suas próprias palavras

Pesquisar

Daniela Kresch

TEL AVIV – Nesta sexta-feira, 27 de setembro de 2024, algumas horas depois da maior campanha militar contra Beirute desde 2006, quando a Força Aérea israelense lançou 83 bombas contra o quartel-general do grupo terrorista libanês Hezbollah, no bairro da Dahya (do Hezbollah) em Beirute, foi confirmada a morte do líder do grupo, Hassan Nasrallah.

Meu ímpeto é dizer “Ding-Dong! The Witch Is Dead”, caso se tratasse de algo remotamente engraçado, já que, com ele, o ataque levou outras almas – pessoas que o próprio Nasrallah colocou em risco ao usá-las como escudos humanos de sua organização terrorista.

Posso dizer que, aqui em Israel, ninguém derramou uma lágrima sequer pela morte do arqui-terrorista e arqui-inimigo de Israel. Por 32 anos, Hassan Nasrallah “tocou o terror” (literalmente) no Oriente Médio e em todo o mundo. Dois exemplos próximos ao Brasil foram os ataques terroristas do Hezbollah na Argentina na década de 90, contra a embaixada de Israel e a associação AMIA, em Buenos Aires, que deixaram mais de uma centena de mortos.

Mas, paralelamente à satisfação de saber que essa pessoa não caminha mais na Terra, há muita preocupação quanto aos próximos passos dos atores regionais. Há uma certa euforia no ar, em Israel. Como a euforia dos aliados após a morte de Hitler no bunker de Berlim (é claro que há muitas diferenças, mas o sentimento é parecido).

Só que com a euforia, vem o descuido e a soberba. Há quem tenha passado rápido demais do derrotismo do 7 de outubro de 2023 – quando 6 mil palestinos de Gaza cruzaram facilmente a fronteira para matar, estuprar e sequestrar israelenses e estrangeiros – para uma sensação de invencibilidade. Isso é perigoso.

O que o futuro trará, ninguém sabe. Mas o passado é de conhecimento público – apesar de muita gente decidir ignorar ou distorcer. Hassan Nasrallah era um monstro fanático que tinha como objetivo de vida aniquilar Israel e exportar o jihadismo pelo mundo, além de ser um clássico antissemita, anti-LGBT, anti-direitos das mulheres, etc. E, para conseguir seus objetivos, não se importava em sacrificar cidadãos libaneses.

Ele incorporava uma retórica antissemita nojenta em discursos. Por exemplo, ele caracterizava os judeus como os “netos de macacos e porcos” e “as criaturas mais covardes e gananciosas de Alá”. Ele previa que Israel não completaria 100 anos de idade porque a coalizão anti-Israel no mundo conseguiria acabar com o país.

E não: Nasrallah não ansiava por uma “solução de dois Estados para dois povos”. Negociações de paz para um Estado palestino vivendo em paz ao lado de Israel? Só rindo. Para ele, assim como para muitos radicais e extremistas de direita e de esquerda também no Brasil (blergh), o end game seria apenas o fim do Israel, com uma entidade palestina ou qualquer outra muçulmana no lugar. Supra sumo do fanatismo religioso.

O que fazer com os judeus de Israel (73% dos moradores), incluindo eu e a minha filha de 16 anos? Sei lá: mandá-los para a Disneylândia? Para a lua? A resposta é clara e só não vê quem se ilude.

De Nassrallah, os israelenses ouviam ameaças diárias há 32 anos. Mas, no Brasil, acredito que a grande maioria das pessoas, se é que ouviram falar dele antes, não tinham ideia do que ele dizia para seus rebanhos robóticos.

Abaixo, algumas falas desse mega terrorista nas últimas três décadas, que mostram o que realmente pensava esse fanático jihadista responsável pela morte de tanta gente em todo o mundo.

1998

“O Hezbollah nunca aceitará a existência de Israel”.

Al-Manar TV, 7 de maio de 1998

1999

“E neste último dia do século, prometo a Israel que verá mais ataques suicidas, pois escreveremos nossa história com sangue”.

Comício do Hezbollah em Beirute, 31 de dezembro de 1999

2000

“Mesmo que [um acordo] seja assinado, continuaremos a ver [Israel] como uma entidade ilegítima e ilegal”

Al-Hayat, 2 de janeiro de 2000

“Sou contra qualquer reconciliação com Israel. Nem reconheço a presença de um estado chamado ‘Israel’”.

The Washington Post, 2 de fevereiro de 2000

“Este é um Estado ilegal; é uma entidade cancerosa e a raiz de todas as crises e guerras e não pode ser um fator para trazer uma paz verdadeira e justa nesta região. Portanto, não podemos reconhecer a existência de um estado chamado Israel, nem mesmo em um futuro distante”.

TV egípcia, 6 de fevereiro de 2000

2001

“É nosso orgulho que o Grande Satã (EUA) e o chefe do despotismo, da corrupção e da arrogância nos tempos modernos nos considere um inimigo que deveria ser listado na lista de terrorismo”.

Agência UPI, 4 de novembro de 2001

2002

“Os judeus se reunirão de todas as partes do mundo na Palestina ocupada, não para trazer o anticristo e o fim do mundo, mas sim porque Alá, o Glorificado e Altíssimo, quer salvá-los de termos que ir até os confins do mundo para matá-los, pois eles se reuniram em um lugar e lá a batalha final e decisiva acontecerá”.

Transcrição e tradução do discurso, 2002 (MEMRI)

“Como a morte pode se tornar alegre? Como a morte pode se tornar felicidade? Quando Al-Hussein perguntou ao seu sobrinho Al-Qassem, quando ele ainda não tinha atingido a puberdade: ‘Como você gosta do sabor da morte, filho?’ Ele respondeu que era mais doce que o mel. Como o gosto ruim da morte pode se tornar mais doce que o mel? Somente por convicção, ideologia e fé, por crença e devoção”.

Transcrição e tradução do discurso, 2002 (MEMRI)

“Se procurássemos no mundo inteiro por uma pessoa mais covarde, desprezível, fraca e débil em psique, mente, ideologia e religião, não encontraríamos ninguém como o judeu. Observe, não digo o israelense”.

New Yorker, 14 de outubro de 2002

“Operações de martírio – atentados suicidas – devem ser exportadas para fora da Palestina. Eu encorajo os palestinos a levarem atentados suicidas para o mundo todo. Não tenham vergonha disso”.

Washington Times, 6 de dezembro de 2002

2005

“Nós não queremos (…) deixar nossa terra natal para Israel, portanto, não estamos interessados em nossa própria segurança pessoal. Pelo contrário, cada um de nós vive seus dias e noites esperando mais do que tudo ser morto por causa de Alá”.

Al-Manar TV, 18 de fevereiro de 2005

2006

“Não há solução para o conflito nesta região exceto com o desaparecimento de Israel”.

The Age (15 de julho de 2006)

2007

“Eu sou um humilde soldado do Imam Khamenei. Os jovens do Hezbollah agem em nome do Imam Khomeini, com a ajuda do Imam Hussein, e enviaram suas bênçãos ao povo iraniano”.

YNetNews (18 de agosto de 2007)

2013

“A eliminação de Israel não é apenas um interesse palestino. É o interesse de todo o mundo muçulmano e de todo o mundo árabe”.

The Atlantic, 2013

2023

“Os Estados Unidos anunciaram um projeto claro e vergonhoso, que abraçaram e estão promovendo dia e noite. Tem a ver com a disseminação da homossexualidade pelo mundo. Ele pede relações anormais, desviantes e depravadas entre dois homens ou duas mulheres”.

Discurso traduzido pelo MEMRI, 22 de julho de 2023

“O ataque do Hamas a Israel foi uma gloriosa operação jihadista”

The Telegraph, 3 de novembro de 2023

Fontes:

Hassan Nasrallah (Wikipedia)

Camera.org: Hassan Nasrallah in his own words

Esse texto não reflete necessariamente a opinião do Instituto Brasil-Israel.

(Foto: Wikicommons)

Inscreva-se na newsletter

MENU

CONHEÇA NOSSAS REGRAS DE
LGPD E CONDUTA ÉTICA

© Copyright 2021 | Todos os direitos reservados.
O conteúdo do site do IBI não reflete necessariamente a opinião da organização. Não nos responsabilizamos
por materiais que não são de nossa autoria.
IBI – Instituto Brasil-Israel
SP – Sao Paulo