Pessach 5784/2024: Difícil liberdade

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Bernardo Sorj 

Por que este Pessach é diferente de outros Pessach?

Porque em outros Pessach celebrávamos com alegria a liberdade.

E neste Pessach estamos marcados pelo trauma e pelo sofrimento. 

O trauma de um massacre em Israel e as consequências desumanizadoras da guerra 

O sofrimento do conflito de valores, que a liberdade não resolve, pelo contrário, deixa a descoberto.

Porque a liberdade nos permite escolher, mas não nos diz o que fazer quando a realidade nos coloca frente a alternativas que são indesejadas. 

Porque sempre convivemos com valores, lealdades, sentimentos e desejos que entram em choque entre si, mas que em tempos normais conseguimos dosar na medida certa. Neste Pessach fica difícil encontrar a dosagem e não sermos empurrados para o precipício da polarização maniqueísta. 

Porque a liberdade nunca é abstrata e convive com laços de solidariedade e a luta pela nossa sobrevivência, defendemos o sionismo: o direito de existência do Estado de Israel.

Porque nosso sionismo está associado a valores humanistas, distante do nacionalismo fanático ou messiânico, defendemos a autodeterminação do povo palestino, convivendo lado a lado e em paz com Israel.   

Porque a história judia nos coloca o   desafio constante de navegar entre o particular e o universal, entre a solidariedade de grupo – praticada  por todas as comunidades humanas -,   e a sabedoria de nos saber e querer ser parte de uma única humanidade, celebramos Pessach:   

Shehechyanu, ve´quimanau ve’higuianu lazman haze.
Que vivemos, que existimos, que chegamos a este momento.

Este texto não reflete necessariamente a visão do Instituto Brasil-Israel.

Foto: WikimediaCommons

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