A Corte Internacional de Justiça, tribunal da ONU que julga crimes cometidos por Estados, emitiu nesta sexta-feira, 26, sua primeira decisão no caso em que a África do Sul acusa Israel de genocídio contra os palestinos na guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza.
A Corte não acatou integralmente o pedido da África do Sul de uma medida cautelar para interromper a ofensiva em Gaza, mas determinou que Israel tome medidas para que os combates não violem a Convenção da ONU contra Genocídio.
Para o jornalista Caio Blinder, “o único consolo de Israel é que a Corte de Haia não ordenou a suspensão da guerra em Gaza. Mas em sua decisão preliminar, determina que Israel impeça e puna incitamento de genocídio”.
No parecer da Corte, houve uma enfática crítica às falas de autoridades israelenses, como o ministro da Defesa, Yoav Gallant, que foram avaliadas como formas de “incitar o genocídio”.
Blinder entende que tais declarações contribuíram para que a Corte de Haia não arquivasse a acusação sul-africana. Para o jornalista, ministros mais radicais deveriam ser punidos pelo crime de incitação de genocídio.
“Israel sofre derrota com decisão de alto valor simbólico. Primeiramente, não foi arquivada a acusação de genocídio em Gaza acionada pela África do Sul – a decisão deve levar anos. Além disso, a Corte acatou pedido sul-africano por medidas de emergência em Gaza”.
Blinder acrescenta que “se a África do Sul fosse justa, acusaria também o regime de (Vladimir) Putin” na Corte Internacional de Justiça – o que não ocorreu.