Por Fábio Yitzhak Silva – A esquerda brasileira ou mundial está para a direita do trumpismo ou bolsonarismo no mesmo patamar quando se trata do negacionismo do antissemitismo, do apagamento histórico do povo judeu e até mesmo pela defesa nefasta do fim do Estado de Israel.
Se em meados de 2018, e ao longo do desgoverno Bolsonaro, você arrepiou os pelos da nuca ao descobrir quem eram seus amigos, familiares e vizinhos que flertavam com fascismo, a nova onda de choque veio após 7 de outubro de 2023. Aqueles amigos travestidos de progressistas não deixaram suas próprias máscaras caírem, eles a tiraram com plena satisfação para te mostrar um rosto que encarna o puro ódio antissemita. Ali não há disfarces, frases com significados nas entrelinhas ou uma tentativa de esconder as reais opiniões – o seu amigue militante, que marchou com você contra o Bolsonaro, agora rasgou a camiseta do “ninguém solta a mão de ninguém “e imediatamente soltou a sua mão. A ordem é clara: solte as mãos dos judeus.
Eu já conversei com você aqui sobre como a direita e a esquerda radicais alinham seus ponteiros para se deleitarem às margens do antissemitismo, já que ambos bebem da mesma fonte para atacar os judeus. Não suficiente, vim compartilhar uma nova técnica para te ajudar a encerrar o pouco punhado de amizades que te resta.
Assim como se abre uma cebola, por camadas, você deverá chegar no centro do argumento daquele seu amigo progressista que odeia Israel (mas não é antissemita).
Monte seu jogo de xadrez com estudo, com fundamentos sólidos, e debata sobre a existência do sionismo como ideologia legítima de um povo que se autodetermina, explique o conflito com dados históricos e as consequências que levaram os dois lados ao impasse ao qual se encontram. Aponte os erros dos dois lados e peça ao seu amigo defensor ferrenho da Palestina que faça o mesmo – e é aqui que ele começa a cambalear. Não importa o quanto você seja autocrítico em relação a Israel, ele não conseguirá apontar as falhas dos palestinos. Esses diplomatas por procuração infantilizaram a Palestina e deram aos palestinos uma áurea de anjos injustiçados e isso faz mal a própria causa deles. Na contramão disso, esculpiram a imagem de Israel como a do próprio demônio: um país artificial, criado por sionistas conspiradores que possuem o projeto de guiar a humanidade a uma nova ordem mundial. Acham que você está relativizando.
Particularmente, odeio os clichês “a cereja do bolo” ou “pra fechar com chave de ouro”, mas aqui vai ela: finalize perguntando qual é a opinião dela para encerrar o conflito. Essa pessoa, sua até então amiga, vai titubear. Não vai dizer nada sobre coexistência. Vai culpar exclusivamente Israel sobre o status quo. Irá dizer que a paz é inalcançável porque os judeus não a querem.
Faça então você, meu amigo leitor, sua colocação do que seria aceitável para a paz, e verá que ela irá desdenhar. Este momento sela o fim das suas ilusões. Olhe nos fundos dos olhos dela e pergunte: qual é a solução então? Israel deve deixar de existir? Tem que levantar acampamento e ir embora?
Comigo, essa pergunta nunca falhou após um exaustivo debate. Era o xeque-mate. Veja então os olhinhos brilhando de ódio e se abrindo junto com uma expressão de sorriso quase diabólica. A pessoa não queria trazer a coisa toda com essas palavras, mas foi você quem disse. Seu já quase ex-amigo começa a sacudir a cabeça em um movimento de afirmação, embaralhado com um sorriso – ou por que não, uma gargalhada? – por fim ele te brinda com um grande SIM!
Está ali, na sua frente. Ele quer o fim de Israel, apenas não sabia como assumir isso. É terapêutico ao seu amigo. Ele aos poucos relaxa os ombros e seu olhar se perde em meio a sua imaginação, que enxerga diante de si uma cena de pogrom e expurgo, onde milhões de israelense partem (ou morrem) para deixar esse mundo um lugar melhor sem os malditos judeus.
Sempre fomos sozinhos. Pare de se iludir.
Este artigo reflete a opinião do autor, não necessariamente do Instituto Brasil-Israel
Foto: Flickr/Zeevveez