A visita do Ministro da Segurança Nacional israelense, o extremista Itamar Ben Gvir, à Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém, nesta terça, 3, pode representar um novo período de tensões na região. O local, considerado sagrado para muçulmanos e judeus, é extremamente delicado e já serviu como barril de pólvora, nos anos 2000, quando uma visita do então líder da oposição israelense, Ariel Sharon, provocou intensos confrontos entre a polícia e palestinos, o que desencadeou a chamada Segunda Intifada durante cinco anos.
Para Daniel Douek, cientista social e diretor-executivo do Instituto Brasil-Israel (IBI), a atitude de Ben Gvir é uma tentativa de dar concretude a uma visão que reivindica a soberania judaica sobre toda a cidade de Jerusalém, incluindo o Monte do Templo ou Esplanada das Mesquitas.
“Por um lado, essa visita desafia o consenso internacional em relação ao local. Por outro, é uma demonstração de força diante de um governo recém-formado, que reúne um amontado de partidos que vão disputar internamente a hegemonia da perspectiva a ser seguida nos próximos anos”.
Douek também destaca que “o ato pode representar um balão de ensaio para medir a adesão dos israelenses a essas ideias. A crítica dos palestinos, dos países muçulmanos, europeus e até dos EUA já é esperada. Resta ver como a sociedade israelense vai reagir para que se possa ter a dimensão mais exata do lugar que essa pauta irá ocupar nos próximos anos”.
O diretor do IBI ressalta mais um ponto de preocupação neste cenário. “Isso, se o Hamas não responder como prometido. Em caso de violência, estaremos diante de um novo ciclo que apenas fortalecerá israelenses e palestinos com visões excludentes em relação a um futuro compartilhado”.
Sobre o local
Chamada de Monte do Templo pelos judeus, aEsplanada está localizada na parte leste da de Jerusalém, conquistada por Israel em 1967 e anexada ao país em 1980, onde que palestinos desejam transformar na capital de seu sonhadoEstado.
Ali está localizado o Domo da Rocha e a Mesquita de Al-Aqsa onde, de acordo com a tradição muçulmana, o profeta Maomé teria visitado eascendido ao céu.
A Esplanada foi construída no século VII, sobre o local do templo judaico destruído pelos romanos no ano 70, que tem como vestígio restante o Muro das Lamentações.