É lamentável que em 2022, no mês da consciência negra, ainda tenhamos pensamentos racistas e xenofóbicos sendo proferidos dentro de um espaço educacional, ainda mais no contexto brasileiro, o país onde um negro é assassinado a cada 23 horas, onde os negros foram os que mais morreram pela covid-19, onde ainda são sentidos reflexos da escravidão, que se perpetuou no Brasil por mais de 300 anos.
Entretanto, precisamos entender e refletir sobre alguns pontos levantados após a repercussão do vídeo. O Brasil é um país com racismo estrutural gigantesco, e todos os espaços brasileiros vão, de alguma reforma, ter algum tipo de racismo, seja mais direto ou um racismo estrutural. Ser judeu, ou estudar em um colégio judaico, não isenta ninguém, absolutamente ninguém, de reproduzir esse pensamento, Auschwitz e o holocausto não foram escola de direitos humanos, cobrar uma pessoa que está nesse espaço uma consciência social mais elevada por conta de um processo histórico, é totalmente inaquedado, assim como vemos outras minorias também reproduzir diversos pensamentos reacionários e que vão contra toda a luta que essas minorias enfrentam.
Cabe às federações e entidades da comunidade judaica, um processo de educação e formação sobre o contexto brasileiro, ao qual essa comunidade está inserida, passando por todas as esferas e lideranças da comunidade, da segurança, tnuot, espaços educacionais e uma reciclagem de lideranças da comunidade judaica, em particular a juventude que carrega o futuro em suas mãos.
João Torquato, ativista do movimento negro e Assistente de Programas e Projetos do Instituto Brasil-Israel