Esquecida pela opinião pública, história catastrófica dos judeus do mundo árabe suscita produção literária vigorosa.
O texto é de Luis S. Krausz.
Uma peça vem sendo sistematicamente ignorada no quebra-cabeça que é o conflito árabe-israelense: os judeus originários do mundo árabe. Enquanto a questão dos refugiados palestinos, em parte expulsos, em parte migrados voluntariamente depois do estabelecimento do Estado de Israel em 1948, recebe atenção dos políticos e da opinião pública, a questão dos judeus do mundo islâmico foi simplesmente obliterada. E, no entanto, cerca de 800 mil judeus (número equivalente, aliás, ao dos refugiados palestinos em 1948) que viviam em países como o Iraque, a Síria, o Iêmen, o Líbano, o Egito, a Líbia, a Argélia, a Tunísia e o Marrocos e cujas comunidades estavam estabelecidas nesses lugares havia dois milênios (desde bem antes, portanto, do surgimento da religião de Maomé) sofreram perseguições, massacres, foram privados de suas cidadanias, de seus bens, de sua cultura, de tudo o que constitui a frágil noção de lar, e foram lançados a um exílio em torno do qual se faz um grande silêncio. Nenhuma das vozes que se engajam em prol da causa palestina jamais disse uma palavra sobre esse tema. Nunca se aventou compensação alguma.
A história dos judeus no mundo islâmico, mais antiga do que o próprio Islã, é complexa e não se deixa reduzir a poucos parágrafos. Houve momentos de convívio pacífico e situações de harmonia. Houve, também, tensão e violência extrema. Pairava sempre, porém, a assimetria implícita no conceito de dhimmi, a lei religiosa islâmica que assegura a um maometano superioridade sobre um judeu e o obriga a prestar-lhe reverência, tornando-o, portanto, vítima frequente de abusos aos quais não tem, legalmente, possibilidade de reagir.
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