“E os namoradinhos? E as namoradinhas? Vai casar quando? Não pode demorar muito, hein? Tá passando da hora – sua prima já casou, falta você”. Se você é ou já foi um jovem judeu, provavelmente deve ter ouvido algumas dessas perguntas durante o seder de pessach, um jantar de shabat ou até numa quebra de jejum em Iom Kipur. À primeira vista, pode parecer que são perguntas vazias, mas o quanto será que a pressão pelo casamento influencia a vida de jovens judeus? Além de casar cedo, tem de casar com judeu – e quando casa, a pressão não acaba, porque ainda tem a cobrança pelos filhos. Será que a pressão pelo caminho mais óbvio faz com que as escolhas sejam tomadas de forma automática, e não com a calma que demandam? Nossa convidada é Beatriz Len, psicóloga clínica de orientação psicanalítica. Apresentação: Anita Efraim e Amanda Hatzyrah. Escute.
“Acho que pelo menos uma vez por semana pessoas judias escutam: “Conheceu alguém? É judeu? Não é judeu?”, ou então, “é judeu de pai e mãe?”. A gente vai escutando e às vezes a conversa vai até afunilando um pouco mais para entender quem é a pessoa e se você está interessado em casar-se. Acho que existe essa pressão até porque na comunidade judaica tem esse costume de casar-se cedo, de que se você casar está “nas rédeas”, está encaminhado, de que as coisas estão andando como deveriam”
“A pessoa que está se sentindo pressionada, para ela estar se sentindo pressionada, não tem só a ver com a pressão, tem a ver também de como ela toma para ela essa fala que ela escuta”
“Acho que esse é um ponto para pensar: o que é isso que está introjetado? Será que sou eu que estou escolhendo? É pressão ou não? Como eu tenho a minha voz aqui e decido o que eu quero?”
“Estar na comunidade muitas vezes – tem que lembrar que tem diferentes leituras e linhas que não se restringem só aos eventos religiosos – tem a ver com isso que amarra, que são esses marcos religiosos, como Pessach, Iom Kipur. O casamento entra como um dos fatores que vira quase que uma entidade da comunidade judaica, que vai te fazer, junto com alguém, fazer parte disso tudo. Acho bem difícil desprender a questão religiosa da questão comunitária”
“A comunidade judaica é uma bolha e você querer conhecer alguém para compartilhar a vida, já seria difícil sem essa condição [da judeidade], para encontrar alguém que tenha a ver, imagina na comunidade. Todo mundo sabe quem é todo mundo, todo mundo conhece todo mundo”
“Isso se expande para os não religiosos também: casar cedo e ter muitos filhos, e multiplicar o povo judeu”.
<a href=”http://