Tensão em alta em Israel: quando será o próximo atentado?

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TEL AVIV – Infelizmente, a onda de ataques terroristas em Israel, que começou no princípio de março, continua. Um ataque terrorista fatal paralisou o país na noite desta quinta-feira, 7 de abril, deixando três mortos no centro de Tel Aviv. Mais precisamente na rua Dizengoff, uma das mais visitadas por jovens locais e turistas, com seus barzinhos, restaurantes, shopping center, prédios com arquitetura Bauhaus e uma praça com uma famosa fonte de água.

Os três jovens assassinados tinham idades entre 27 a 35 anos e estavam num bar com amigos. Quintas-feiras são as noites mais agitadas na maior parte de Israel, já que o fim de semana, aqui, é sexta e sábado. Eu estava justamente em Tel Aviv no momento do atentado, cerca de 9h da noite, e confesso ter sentido muita apreensão, assim como todos que estavam comigo. Houve muita confusão, ninguém sabia o que fazer enquanto checava a cada minuto o celular para saber o que estava acontecendo.

No final das contas, quando decidi voltar para casa com meu carro (moro nos arredores da cidade), o caminho que demoraria 25 minutos levou 1h15 por causa das blitzs que a polícia deslanchou por Tel Aviv e arredores. Vi policiais a até soldados com arma em punho na procura pelo atirador que havia fugido. Ele acabou sendo morto horas depois, às 5h da madrugada, em tiroteio com a polícia em Jaffa após se esconder em uma mesquita. 

No dia seguinte ao ataque, uma multidão de pessoas acendeu velas e colocou flores na frente do barzinho onde aconteceu o atentado. Muitas bandeiras de Israel também foram depositadas, numa demonstração israelense comumente vista nessas horas. A mensagem que autoridades e líderes da sociedade civil tentam passar é a de que a vida tem que continuar, apesar de tudo. E que o Estado de Israel não se amedrontará diante de terroristas.

No total, 14 pessoas (12 israelenses e 2 ucranianos) morreram desde o início dessa torrente de atentados fatais e de dezenas de tentativas de atentados. Em março, foram 11 vítimas fatais em 3 pontos do país: Beer Sheva (Sul), Hadera (Norte) e Bnei Brak (Centro). Agora, mais esse ataque violento na cidade mais cosmopolita e progressista de Israel, o coração da Startup Nation, onde milhares de jovens empreendedores trabalham em firmas embrionárias de tecnologia e afins.

Tel Aviv foi palco de inúmeros atentados, no passado, em momentos como as duas intifadas palestinas (1986-1989 e 2000-2005) e outras ondas de terrorismo. Mas o último ataque a tiros na rua Dizengoff aconteceu há seis anos: em 2016, duas pessoas foram mortas e várias outras ficaram feridas quando um árabe-israelense abriu fogo também contra um barzinho. 

O nome do criminoso desta quinta-feira era Raad Fathi Hazem e ele morava em Jenin, na Cisjordânia. Como suas vítimas, ele era jovem e tinha 28 anos. Câmeras de segurança flagraram Raad antes do ataque com uma pistola. Vestido de preto, ele se sentou em um banco de rua antes de atirar em uma dezena de pessoas. Duas ainda estão em estado crítico.

Hazem tinha um histórico familiar de atritos com Israel. Seu pai é um ex-policial da Autoridade Palestina que, depois do atentado, filmou um vídeo dizendo que ele “verá a vitória em breve” e desejando que “Deus liberte a Mesquita de Al-Aqsa dos ocupantes”. Um tio de Hazem elogiou o ato do sobrinho em um post no Facebook.

Hazem não era conhecido pelo Shin Bet, a agência de inteligência de Israel. Não era aparentemente afiliado a nenhum grupo extremista como o Estado Islâmico (como no caso dos atiradores de Beer Sheva e Hadera) ou o Hamas (como no caso do criminoso de Bnei Brak). Mas ele teria sido inspirado pelos atentados que estão ocorrendo desde março, o que sempre acontece nesses casos. Um ataque inspira os próximos e não importa que ideologia ou afiliação o atacante nutra. 

O que importa é a ideia geral de matar o máximo de judeus (ou israelenses) possível para causar medo e apreensão em Israel como punição por sua presença em territórios ocupados (ou em disputa) por Israel ou a existência do Estado de Israel como um todo numa região (o Oriente Médio) onde, para os islamistas mais fanáticos, não há lugar para entidades – nações, Estados, cantões ou etc – que não sejam governados por muçulmanos ou pela lei islâmica. 

Essa ideia tende a ser fortalecida na época do mês sagrado do Ramadã, quando uma minoria de extremistas muçulmanos acredita ser seu “dever divino” atentar contra infiéis. Este ano, o Ramadã começou no último dia 2 de abril e terminará no final do mês.

A pergunta, agora, parece ser “quando” será o próximo atentado, não “se” haverá mais um, já que o mês do Ramadã está apenas no começo. Em Israel, todos se preparam para uma época violenta em que ninguém sabe quando o próximo terrorista abrirá fogo contra civis inocentes no meio da rua. Ou atropelará, esfaqueará ou acionará uma bomba. A sensação de insegurança é palpável.

A tensão é maior ainda por causa da incerteza sobre como Israel irá reagir a essa onda de ataques. Haverá uma operação militar mais robusta na Cisjordânia? Já há presença maciça de soldados em Jenin, com prisões de possíveis colaboradores e incitadores. Será que isso irá levar a confrontos violentos que possam atear fogo na região, como aconteceu no ano passado? Tudo é sensível, todos pisam em ovos e seguram a respiração. É importante que lembrem, pelo menos, de respirar.

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