Esta publicação é uma parte do que eu e o Michel Gherman fomos conversando após a minha participação na live É POSSÍVEL PREVENIR AS DISCRIMINAÇÕES no dia 13/10/21.
O foco das nossas trocas de mensagens foi a minha abordagem sobre os diferentes tipos de ativismos em relação as discriminações e o tipo de relacionamento entre os ativistas que vai desde a parceria até a discriminação entre eles.
A maioria dos ativistas dizem/escrevem que são contra uma ou mais discriminações e que elas tem que ser combatidas, enfrentadas, denunciadas, monitoradas, computadas, desconstruídas e criminalizadas.
Na live sobre o meu ativismo no Projeto Discriminação da Associação de Psiquiatria do RGS – APRS (PD) que objetiva a prevenção das discriminações por meio do encaminhamento à Ciência Psiquiátrica, para que defina/diagnostique a Conduta Discriminatória e o Discriminador.
Esta proposição complementa a definição da Ciência Jurídica de que o Discriminador é um criminoso.
Após esta pequena introdução vamos ao diálogo.
Ele me perguntou como eu via o seu ativismo.
“Vejo que enfrentas o discriminador de uma forma madura, isto é, com argumentos/conteúdos/fatos contundentes, tipo “falou e disse”, nunca indo para o “pessoal””.
E serves de modelo para quem quer fazer um bom enfrentamento. Ao contrário de alguns que lembram o personagem Rolando Lero ou “enrolation”.
Mas também o alertei dos “efeitos colaterais” do seu estilo baseado numa expressão antiga e muito conhecida por quem milita nesse campo: “não existe racismo no Brasil porque o negro sabe o seu lugar”. Quando ele “ousa” sair do seu lugar ocorre o fenômeno “ação e reação”.
Reações violentas também ocorrem no machismo, quando a mulher decide, p. ex., ser dona do seu corpo ou se separar de seu companheiro, homem machista, que é psiquicamente imaturo, como todos discriminadores.
E também no homofóbico ao ver um casal homossexual namorando em público.
O estilo do MG é de quem não aceita o antissemitismo como uma conduta normal e por isso precisa ser enfrentada com uma atitude de quem “sai do armário” ou como já referiu no fato histórico: assumir judaísmo, judeidade e impor-se com a identidade.
E aí vem a reação à esse enfrentamento incisivo em debates públicos: surgem outros discriminadores para ficar ao lado do original.
Pelo menos aparentemente, quanto mais o discriminador é confrontado, maior é o número de ocorrências.
Ele também quis saber mais detalhes do meu ativismo além dos que mencionei na live.
Até agora, tenho a impressão, que a resistência/não apoio ao PD se deve ao objetivo de colocar a Ciência Psiquiátrica na relação/enfrentamento entre o discriminado e o discriminador com o objetivo de prevenção.
Sempre que uma conduta/comportamento/característica de uma pessoa é definida pela Medicina como doentia ocorre uma evitação/diminuição/auto-controle desta ação. Funciona como se fosse uma vacina.
Aparentemente os ativistas contra as discriminações e a favor de ações afirmativas para os discriminados deveriam apoiar o nosso ativismo pois ele diminuiria as ocorrências discriminatórias. Mas não é o que ocorre.
O PD tem o apoio de várias instituições e somente uma que defende um grupo discriminado: o B’nai B’rith do Brasil.
Vejamos algumas hipóteses para a não ocorrência desse apoio.
Quem acompanha as publicações do Michel encontra muitos exemplos de que “discriminados também discriminam”. Essa percepção está publicada aqui e aqui e aqui no PD.
Há alguns anos recebia newsletter de um importante portal de um grupo discriminado e passei a comentar textos apresentando o PD. Os leitores passaram a repercutir positivamente o PD e com muita frequência. E os autores dos textos e os dirigentes do portal jamais se manifestaram. Isto me pareceu muito chamativo. E aí o desfecho: cortaram a minha newsletter.
Certamente a resposta negativa mais frequente ao meu ativismo quando solicito apoio ao PD é “não mas não posso dizer porque que não”.
E a resposta que eu nunca ouvi: o discriminador é um pessoa sadia do ponto de vista mental.
Este resumo de diálogo só foi possível porque o Michel e eu não discriminamos o ativismo um do outro.