Nestas últimas semanas, pelo menos dois fatos nos mostram que há algo de novo no reino da Dinamarca: o novo governo israelense apresenta alguns elementos novos positivos e se de um lado se afasta do modelo absurdo do governo e do governante anterior com seu comportamento grosseiro em relação à realidade política da região.
Mas, por outro se aproxima do que tantos têm apontado como um positivo caminho alternativo que, em princípio não significa mais do que uma abertura, uma receptividade, um reconhecimento da existência de um parceiro (inimigo?) do outro lado da “fronteira”, coisa que o governo anterior, teimosamente, fantasiosamente, doentiamente, negava.
Os dois fatos a que nos referíamos: o encontro do ministro da defesa de Israel, Gantz, com a Autoridade Palestina Abbas na casa de Gantz em território israelense, primeiro contato em mais de uma década. Não creio que seja necessário garantir resultados deste acontecimento. Por si só já traz mudanças de comportamento. Esperemos pelos próximos passos de cada lado.
O segundo fato, dedicado a desfazer mais um dos graves erros da liderança anterior, que primou por desconsiderar o pensamento de parte da população judaica, a que vive e habita fora das fronteiras do estado judaico, mas que, ao contrário da visão obtusa do governo anterior, é orgulhosamente sionista e favorável, diria mesmo extremamente favorável, com visão de futuro, a uma política que favoreça um caminho para a paz.
O governo atual cria um Ministério da Diáspora encarregado de refazer as machucadas relações do país dos judeus com os judeus de fora do país, com posições contrárias (uns mais outros menos) à política cega do governo anterior.
Nos parece que cabe hoje ao novo governo determinar mudança de curso para um que, cremos possível, nos leve a todos, judeus e não judeus, israelenses e palestinos de boa vontade para um destino sem violência e uma certamente possível convivência. Tanto Israel como Palestina merecem esta realista, mas não fácil mudança de rota.
Não deixa de ser chamativo o fato do atual governo sentir necessidade de criar um ministério da diáspora. É claro o reconhecimento de que é possível criticar e discordar da política oficial, sem ser caracterizado como anti-sionista, importantes das populações judaicas do mundo, mas também de parte da população do próprio estado, consideradas pelo regime anterior como traidora e merecedora de constante seguimento de uma verdadeira polícia secreta. Fácil de entender que a solução exige não menos que ministério cuja ação desculpe e até mesmo desmascare aquele outro e “secreto” ministério.
As atitudes consequentes aos dois fatos apontados expõem as tendências opostas às apresentadas por governos agressivos, violentos e antidemocráticos em vários pontos do planeta.
Como judeus, não podemos senão nos opor a estas tendências. Como judeus descendentes de tantas outras vítimas de regimes semelhantes em vários momentos históricos, não podemos senão aplaudir o distanciamento de seus herdeiros destas soturnas rotas.