Gabriel Boric foi eleito Presidente do Chile e esta notícia precisa antes de tudo, ser saudada. Sua vitória foi, também, a vitória da democracia.
Boric venceu José Kast, candidato ultraconservador vinculado ideologicamente ao autoritarismo de Augusto Pinochet.
Embora a escolha não parecesse muito difícil, venceu por uma margem relativamente pequena, de 8 pontos percentuais – obteve cerca de 56% dos votos, contra 44% de seu oponente.
Numa eleição em que os partidos tradicionais foram rejeitados nas urnas, Boric leva ao poder uma nova geração de políticos que surgiram com as revoltas estudantis de 2011.
É problemática porém, a maneira como Boric vem se posicionando com relação ao conflito Israel-Palestina.
Em 2019, quando a Comunidad Judía de Chile enviou a todos os congressistas uma lembrança de Rosh Hashaná, o ano novo judaico, em prol de “uma sociedade mais inclusiva, solidária e respeitosa”, Boric respondeu recomendando que primeiro exigissem que “Israel devolva o território palestino ocupado ilegalmente”.
Além disso, em mais de uma vez, Boric classificou Israel como um Estado “genocida” e “assassino”.
Confusões entre instituições da comunidade judaica e as ações de um Estado nacional, assim como o uso de categorias hiperbólicas para se referir a Israel, não apenas vulgarizam o debate como engendram uma realidade perigosa.
Ademais, é alarmante como flertes com o antissemitismo circulam com naturalidade em setores progressistas e não mereçam comoção, mesmo quando apontados pelos pares judeus.
Ainda assim, o ambiente democrático é a única garantia da possibilidade de combate a estereótipos e posturas generalizantes sobre os judeus e o Estado de Israel.
Após a eleição, a Comunidad Judía de Chile emitiu uma nota felicitando o novo presidente.
Esperamos que Gabriel Boric forme fileiras na luta contra todas as formas de opressão, incluindo o antissemitismo.