IBINews 204: Ser sustentável, um mandamento judaico

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Na medida em que a agenda ambiental ganha força no debate global, com a realização da COP 26, e questões como a mudança climática, a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa e a diminuição do desmatamento emergem, é oportuno se perguntar: o que Israel tem a oferecer neste contexto e, além disso, como judaísmo e sustentabilidade se entrelaçam?

O episódio da semana do “E eu com isso?”, Anita Efraim e Ana Clara Buchmann, conversaram com sobre o tema com o rabino da comunidade Shalom Adrian Gottfried, e com Rubens Harry Born, engenheiro civil com especialização em engenharia ambiental, mestre e doutor em Saúde Pública e advogado com atuação em direito ambiental.

“A tradição judaica tem uma longa história de preocupação e cuidado com o nosso planeta. E a base de nossa obrigação espiritual, moral e ética de cuidar, vem, justamente, da criação do mundo. Nesse ano de 5782 do calendário hebraico, temos o shemitá. O shemitá é uma lei bíblica que aparece na Torá, falando que a cada 7 anos a terra tem que descansar. É um tipo de shabat para a terra”, diz o rabino Adrian.

Já Rubens apresentou um cálculo mostrando que não fazer nada em relação às mudanças climáticas poderia causar prejuízos na ordem de 10 a 20% do PIB mundial, e fazer algo custaria somente 1% do PIB.

MODELO GLOBAL

Israel é reconhecida mundialmente como líder nas áreas de inovação hídrica, energia solar, alternativas sustentáveis de proteína e tecnologia agrícola.

Sobre a fabulosa estrutura hídrica montada ao longo do tempo no país, que se tornou um modelo global, Caroline Beraja conversou com Rafael Stern, graduado em geografia pela UFRJ e com especialização no Instituto Aravá de Estudos Ambientais, em entrevista que será publicada ao longo da próxima semana no site do IBI.

O deserto ocupa cerca de 60% do território de Israel. Entre outras questões, Stern explicou como 86% da água em Israel é reciclada – para efeito de comparação, a taxa de reciclagem de água nos Estados Unidos é inferior a 10%.

Em seu discurso na COP26, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorre em Glasgow, na Escócia, o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, ressaltou o papel de liderança que Israel tem como hub de tecnologia e inovação, e comprometeu-se em reduzir as emissões de gases de efeito estufa até 2050 e eliminar o uso de carvão até 2025.

São conquistas importantes. Mas há desafios. O Mar Morto está encolhendo lentamente – de 1 a 1,5 metro por ano -, resultado de anos de desvio de água do rio Jordão, para consumo e agricultura, e de danos causados por empresas de extração mineral.

Outros temas sensíveis na agenda são o compartilhamento dos recursos nos territórios ocupados, a exploração de novos campos de gás natural e a polêmica construção de uma rede adutora de petróleo, passando pelo Mar Vermelho, formalizada a partir do acordo de paz com os Emirados Árabes, no ano passado.

Como diz Stern, há uma “síndrome dos dois opostos” em curso no país: a hipersignificância e a insignificância da questão ambiental.

A boa notícia é que a ministra de Proteção Ambiental, Tamar Zandberg, que já presidiu o Comitê de Assuntos Femininos de Tel Aviv e foi uma dos principais ativistas  do movimento de protesto social do verão de 2011, tem demonstrado força e disposição para enfrentar estes desafios.

CONFIRA OS DESTAQUES DA SEMANA!

NAS ESCOLAS DE TODO O BRASIL: Um projeto do IBI, realizado em parceria com a União do Judaísmo Reformista (UJR) e com o apoio da Fundação Gênesis, vai levar discussões sobre o conflito entre israelenses e palestinos a escolas de ensino médio de todo o país. A ação foi idealizada por participantes da Kvutza Shnat 2020 do Habonim Dror e as aulas serão ministradas por integrantes de diversos movimentos juvenis capacitados pelo IBI. Saiba mais.

HACKERS, ANTIVAX E UM ESCÂNDALO DE ASSÉDIO NO EXPRESSO ISRAEL: No Expresso Israel desta semana, as jornalistas Daniela Kresch e Isabella Marzolla falaram sobre o “Black Shadow”, grupo de hackers supostamente ligado ao Irã que está divulgando dados dos usuários de um famoso aplicativo de namoro LGBTQIA+ de Israel; sobre o caso de do co-fundador e presidente da Israel Gay Youth, ONG para a juventude LGBTQIA+, que foi acusado de assediar sexualmente dois homens; e sobre a escalada de agressividade e teorias conspiratórias dos anti-vacinas israelenses, que chegaram até a ameaçar profissionais de saúde, fazendo com que alguns profissionais da categoria sentissem a necessidade de usar guarda-costas. Veja.

ORÇAMENTO APROVADO: A aprovação do orçamento de 2022 pelo parlamento israelense por 59 votos à favor e 56 contra, constitui um passo importante para o novo governo. Entenda por que no artigo de Daniela Kresch. Leia.

A VOLTA DO TURISMO: Israel abriu as fronteiras a todos os visitantes vacinados. Para entrar no país, os turistas do mundo todo devem ter completado o ciclo de vacinação. A última dose deve ter sido tomada pelo menos 14 dias antes da entrada no país, não incluindo o dia da vacinação. São aceitas as vacinas dos seguintes fabricantes: Pfizer-BioNTech, Moderna, AstraZeneca, Sinovac ou Sinopharm, Johnson & Johnson e há uma regra específica para quem tomou Sputnik V. Saiba mais.

PEDIDO DE DESCULPAS: Em 29 de outubro de 1956, em meio à Crise de Suez, policiais israelenses mataram 48 pessoas na vila árabe de Kafr Qasem, incluindo uma mulher grávida. O feto da criança é contado como a 49ª vítima. 65 anos depois, em uma cerimônia em homenagem às vítimas, o presidente de Israel, Isaac Herzog, se desculpou em seu nome e em nome do Estado de Israel. “Matar e ferir inocentes é absolutamente proibido. Isso deve permanecer além de todos os argumentos políticos”, disse. Saiba mais.

APOLOGIA AO NAZISMO: Segundo levantamento feito pela CNN Brasil, com base em dados da Polícia Federal, casos de apologia ao nazismo no Brasil cresceram 900% na última década, e explodiram após 2018. Veja números.

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