Íntegra do discurso do primeiro-ministro Naftali Bennett na 76ª Assembleia Geral da ONU

Pesquisar
O primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, na 76ª Assembleia Geral da ONU. 27 de setembro de 2021.
O primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett falou nesta segunda-feira, 27/09, à 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas. O líder israelense alertou que o programa de armas nucleares do Irã havia “atingido um divisor de águas”, dizendo que Teerã cruzou todas as linhas vermelhas e ignorou as inspeções internacionais. “Palavras não impedem que as centrífugas girem”, disse. O primeiro-ministro não mencionou os palestinos.
Confira o discurso na íntegra, traduzido pelo IBI ao português.

– – – 

Obrigado, Sr. presidente,
Distintos delegados,
Israel é um farol em um mar tempestuoso. Um farol de democracia, diversificado por planejamento, inovador por natureza e ansioso por contribuir para o mundo – apesar de estar na área mais difícil do planeta. Somos uma nação antiga. 
Retornamos para nossa antiga pátria, revivemos nossa antiga língua, restauramos nossa antiga soberania. Israel é um milagre do renascimento judaico. Am Yisrael Chai – a nação de Israel está viva, e o Estado de Israel é seu coração pulsante. 
Por muito tempo, Israel foi definido por guerras com nossos vizinhos. Mas não é disso que se trata Israel. Não é disso que se trata o povo de Israel. Os israelenses não acordam de manhã pensando em conflito. Os israelenses, como todo mundo, querem ter uma vida boa, cuidar de nossas famílias e construir um mundo melhor para nossos filhos.
O que significa que, de vez em quando, podemos precisar deixar nossos empregos, dizer adeus às nossas famílias e correr para o campo de batalha para defender nosso país – assim como meus amigos e eu tivemos que fazer.
Eles não devem ser julgados por isso. Os israelenses se lembram dos horrores sombrios de nosso passado, mas permanecem determinados a olhar para frente, para construir um futuro melhor.
**
Distintos delegados,
Existem duas pragas que estão desafiando a própria estrutura da sociedade, neste momento. Uma é o coronavírus, que matou mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo. A outra também abala o mundo como o conhecemos: é a doença da polarização política.
Tanto o coronavírus quanto a polarização podem corroer a confiança do público em nossas instituições, ambos podem paralisar as nações se não forem controlados, seus efeitos na sociedade podem ser devastadores. Em Israel, enfrentamos os dois e, ao invés de aceitá-los como força da natureza, nos levantamos, agimos e já podemos ver o horizonte.
**
Em um mundo polarizado, onde algoritmos alimentam nossa raiva, as pessoas da direita e da esquerda operam em duas realidades separadas, cada uma em sua própria bolha de mídia social, elas ouvem apenas as vozes que confirmam o que já acreditam.
As pessoas acabam se odiando. Sociedades são dilaceradas. Países, divididos por dentro. Isso não nos leva a lugar nenhum.
Em Israel, depois de quatro eleições em dois anos, com uma quinta iminente, o povo ansiava por um antídoto: Calma. Estabilidade. Uma tentativa honesta de normalidade política. A inércia é sempre a escolha mais fácil. Mas há momentos em que os líderes precisam assumir o comando um momento de quase queda do penhasco, enfrentar obstáculos e levar o país à segurança. E foi exatamente isso que fizemos.
Cerca de cem dias atrás, meus parceiros e eu formamos um novo governo em Israel. O governo mais diverso da nossa história. O que começou como um acidente político, agora pode se transformar em um propósito. E esse propósito é a unidade.
Hoje, nos sentamos juntos, em torno de uma mesa. Falamos uns com os outros com respeito, agimos com decência e divulgamos uma mensagem: as coisas podem ser diferentes. Embora tenhamos opiniões políticas muito diferentes, nos sentamos juntos pelo bem de nossa nação. 
Não há problema em discordar. Está tudo bem – na verdade, é vital que pessoas diferentes pensem de forma diferente e até mesmo discutam. Pois o debate saudável é um princípio básico da tradição judaica e um dos segredos para o sucesso de uma nação iniciante. Basta entrar nas empresas e você verá aquele debate acontecendo. O debate é o poder da inovação. O que provamos é que mesmo na era das redes sociais, podemos debater sem ódio.
A segunda grande doença que enfrentamos é o coronavírus, que está varrendo o mundo. Para superar – precisaremos fazer novas descobertas, obter novos insights e alcançar novos avanços. Tudo começa com a busca pelo conhecimento.
O Estado de Israel está na linha de frente da busca por esse conhecimento vital. Desenvolvemos um modelo que une a sabedoria da ciência com o poder da formulação de políticas. O modelo israelense tem três princípios orientadores:
Número um: o país deve permanecer aberto. Todos nós pagamos um preço enorme, um preço econômico, um preço físico e um preço emocional – por levar a vida a uma paralisação em 2020. Mas, meus amigos, para levar as economias de volta ao crescimento, as crianças de volta à escola e os pais de volta ao trabalho, bloqueios, restrições e quarentenas não são o caminho. Você não pode fazer isso a longo prazo. No nosso modelo, em vez de prender as pessoas em um modo de hibernação passivo, as recrutamos para o esforço em comum.
Por exemplo, pedimos às famílias israelenses que testassem seus filhos em casa para que pudéssemos manter as escolas abertas – e de fato as escolas permaneceram abertas. Agora, posso dizer que vamos distribuir dezenas desses autotestes a todos os pais israelenses. Eles podem fazer parte da luta.
Segunda regra: vacinar cedo. Desde o início, os israelenses foram rapidamente vacinados. Estamos em uma corrida contra um vírus mortal e devemos estar à frente dele. Em julho, fomos os primeiros a saber que as vacinas estavam diminuindo e ficando mais fracas. Foi isso que gerou um aumento nos casos de Delta. Foi então que meu governo decidiu administrar uma terceira dose de vacina – o reforço – ao público israelense. Foi uma decisão difícil, já que na época o FDA ainda não tinha aprovado.
Ainda assim, enfrentamos a escolha de arrastar Israel para outro lockdown, prejudicar ainda mais nossa economia e sociedade ou ministrar as vacinas. Nós escolhemos o último. Fomos os pioneiros no reforço vacinal.
Agora, dois meses depois, posso relatar que funciona: com a terceira dose, você está sete vezes mais protegido do que com duas doses e 40 vezes mais protegido do que sem nenhuma vacina. O reforço funciona. Como resultado, Israel está a caminho de escapar da quarta onda sem um lockdown, sem maiores danos à nossa economia. A economia de Israel está crescendo, o desemprego está diminuindo. Estou feliz que nossas ações tenham inspirado outros países a seguirem com o reforço. 
A terceira regra: adapte-se e mova-se rapidamente. Formamos uma força-tarefa nacional que se reúne todos os dias. Eu a lidero. Essa força-tarefa visa contornar a morosa burocracia governamental, tomar decisões rápidas e agir de acordo com elas imediatamente.
Tentativa e erro são a chave. Cada dia é um novo dia, com novos dados e novas decisões. Quando algo funciona, nós o mantemos. Quando isso não acontece, nós o descartamos. Administrar um país durante uma pandemia não é apenas uma questão de saúde. Trata-se de equilibrar cuidadosamente todos os aspectos da vida que são afetados pelo corona, especialmente empregos e educação. Embora os médicos sejam importantes, eles não podem ser os responsáveis pela iniciativa nacional.
A única pessoa que tem uma boa visão de tudo isso é o líder nacional de qualquer país. Acima de tudo, estamos fazendo tudo ao nosso alcance para fornecer às pessoas as ferramentas necessárias para proteger suas vidas. O antigo texto judaico, o Talmud, diz: “Quem salva uma vida é como se salvasse um mundo inteiro”. E é isso que aspiramos fazer.
**
Distintos delegados, enquanto Israel se esforça para fazer o bem, não podemos perder de vista nem por um momento o que está acontecendo em nossa vizinhança. Israel está, literalmente, cercado pelo Hezbollah, por milícias xiitas, pela Jihad Islâmica e pelo Hamas. Em nossas fronteiras. Esses grupos terroristas buscam dominar o Oriente Médio e espalhar o Islã radical por todo o mundo.
O que todos eles têm em comum? Todos eles querem destruir meu país e são todos apoiados pelo Irã. Eles obtêm financiamento do Irã, treinamento do Irã e armas do Irã. O grande objetivo do Irã é cristalino para qualquer pessoa que se preocupe em abrir os olhos: o Irã busca dominar a região – e busca fazê-lo sob um guarda-chuva nuclear.
Nas últimas três décadas, o Irã espalhou sua carnificina e destruição por todo o Oriente Médio, país após país: Líbano, Iraque, Síria, Iêmen, Gaza. O que todos esses lugares têm em comum? Eles estão todos desmoronando. Seus cidadãos – famintos e sofrendo. Suas economias – entrando em colapso. Como o toque de Midas, o regime do Irã tem o “toque de Mullah”. Cada lugar que o Irã toca – fracassa.
Se acham que o terrorismo iraniano está confinado a Israel – estão errado. Distintos delegados, em 1988, o Irã criou uma “comissão de morte” que ordenou o assassinato em massa de 5.000 ativistas políticos. Eles foram enforcados com ajuda de guindastes. Essa “comissão de morte” era composta por quatro pessoas; Ebrahim Raisi – o novo presidente do Irã, era uma delas.
Raisi também supervisionou o assassinato de crianças iranianas. Seu apelido é “o açougueiro de Teerã”, porque foi exatamente isso que ele fez – ele massacrou seu próprio povo. Uma das testemunhas deste massacre afirmou, em seu depoimento, que quando Raisi terminava uma rodada de assassinatos, ele dava uma festa, embolsando o dinheiro daqueles que acabara de executar minutos atrás. E então se sentava para comer bolos de creme. Ele celebrava o assassinato de seu próprio povo devorando bolos de creme.
E agora Raisi é o novo presidente do Irã. É com quem estamos lidando. Nos últimos anos, o Irã deu um salto importante em sua pesquisa e seu desenvolvimento nuclear, em sua capacidade de produção e em seu enriquecimento.
O programa de armas nucleares do Irã está em um ponto crítico. Todas as linhas vermelhas foram cruzadas. Inspeções – ignoradas. Todo pensamento positivo – provados falsos. O Irã está violando os acordos de salvaguarda da AIEA e está escapando impune. Eles assediam os inspetores e sabotam suas investigações e estão escapando impunes.
A evidência que prova claramente as intenções do Irã para armas nucleares em locais secretos em Toorkooz-abad, Teerã e Marivan é ignorada. O programa nuclear do Irã atingiu um momento decisivo; e também nossa tolerância.
Palavras não impedem que as centrífugas girem. Existem aqueles no mundo que parecem ver a busca do Irã por armas nucleares como uma realidade inevitável, como um negócio fechado. Ou apenas estejam cansados de ouvir sobre isso. Israel não tem esse privilégio. Não vamos nos cansar. Não permitiremos que o Irã adquira uma arma nuclear.
Quero dizer uma coisa a vocês: o Irã é muito mais fraco, muito mais vulnerável do que parece. Sua economia está afundando, seu regime está podre e divorciado da geração mais jovem, seu governo corrupto nem sequer consegue levar água a grandes partes do país. Quanto mais fracos eles são, mais extremos se tornam. Se nos empenharmos, se levarmos a sério a ideia de pará-lo, se usarmos todos os nossos recursos, podemos prevalecer. E é exatamente isso que vamos fazer.
**
Mas nem tudo é trevas no Oriente Médio. Paralelamente a tendências preocupantes, também existem raios de luz. Em primeiro lugar, os laços crescentes que Israel está estabelecendo com os países árabes e muçulmanos. Os laços que começaram há 42 anos com o acordo de paz histórico de Israel com o Egito, continuaram há 27 anos com o acordo de paz de Israel com a Jordânia e, ainda mais recentemente, com os “Acordos de Abraão” – que normalizaram nossas relações com os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos. Mais acordos estão por vir.
Com uma idade madura de 73 anos, mais e mais nações estão entendendo o valor de Israel e seu lugar único no mundo. Alguns amigos estão conosco desde a nossa fundação. Os Estados Unidos da América são amigos de longa data e de confiança de Israel, como vimos, mais uma vez – apenas alguns dias atrás no Congresso.
Juntamente com nossos velhos amigos, estamos ganhando novos amigos – no Oriente Médio e além. Na semana passada, isso se manifestou com a derrota da conferência racista e antissemita de Durban. Esta conferência foi originalmente concebida para ser contra o racismo, mas com o passar dos anos se tornou uma conferência de racismo – contra Israel e o povo judeu. E o mundo está farto disso.
Quero agradecer aos 38 países (38!) que escolheram a verdade em vez das mentiras e faltaram à conferência. E aos países que optaram por participar dessa farsa, eu digo: atacar Israel não os torna moralmente superiores, lutar contra a única democracia do Oriente Médio não os transforma em “woke”, adotar clichês sobre Israel sem se preocupar em aprender os fatos básicos… Bem, isso é simplesmente preguiçoso.
Cada Estado-membro neste edifício tem uma escolha. Não é uma escolha política, é moral. É uma escolha entre trevas e luz. Trevas que perseguem prisioneiros políticos, mata inocentes, abusa de mulheres e de minorias e busca acabar com o mundo moderno como o conhecemos. Ou luz – que busca liberdade, prosperidade e oportunidade.
**
Nos últimos 73 anos, o Estado de Israel – o povo de Israel – conquistou muito diante de tantos obstáculos. E, no entanto, posso dizer com plena confiança: Nossos melhores dias estão à nossa frente. Israel é uma nação de grande esperança, Israel é uma nação que trouxe a herança da Torá à vida no Israel moderno, uma nação de um espírito inquebrantável.
מעט מן האור דוחה הרבה מן החושך.
Um pouco de luz dissipa muita escuridão.
O farol entre mares tempestuosos permanece forte e sua luz brilha mais forte do que nunca.
Obrigado.

Inscreva-se na newsletter

© Copyright 2021 | Todos os direitos reservados.
O conteúdo do site do IBI não reflete necessariamente a opinião da organização. Não nos responsabilizamos
por materiais que não são de nossa autoria.
IBI – Instituto Brasil-Israel
SP – Sao Paulo