Há vários ângulos para se enxergar a fuga de prisioneiros palestinos.
Em primeiro lugar, pode-se perceber que a polícia e o serviço carcerário de Israel passa por crises sérias. Não é simples para essas estruturas lidar com o fato de que prisioneiros acusados de terrorismo tenham fugido da cadeia.
Saindo da questão estrutural, a fuga abre espaço para uma disputa entre grupos palestinos de Gaza. Em um período de isolamento do Hamas, o grupo terrorista palestino, vê a fuga como possibilidade de fortalecimento. Em paralelo, seu rival, a Jihad islamica (grupo ao qual 5 dos 6 prisioneiros eram ligados), tenta tomar pra si os méritos da fuga.
Para ambos, uma escalada de violência ajudaria bastante agora. Ao contrário do Fatah, que voltou a negociar com Israel, a promoção de atentados e ataques ajudariam os grupos fundamentalistas a se tornarem centrais no confronto com Israel. Isso explica os últimos ataques de mísseis e os ataques terroristas.
Por fim, vale perceber as relações entre árabes israelenses e a fuga dos prisioneiros. Quatro desses foram recapturados graças à colaboração de cidadãos árabe-israelenses que, por falarem árabe, foram procurados pelos fugitivos.
Apesar disso, a mídia israelense e o Hamas, cada qual a seu lado, tem relativizado a identidade da população árabe de Israel, exigindo provas maiores de fidelidade.
Hatam Shvili, vereador de Shvili Hum El Ghanam, distrito onde 4 dos fugitivos foram descobertos, foi entrevistado pelo Canal 13 de Israel. Ao ser questionado pelo repórter sobre o sentimento de ter os terroristas palestinos presos em sua aldeia, o vereador respondeu: “O que nos interessa é que a polícia se mostrou apta a usar toda sua tecnologia pra prender os fugitivos. Esperamos que ela utilize esses meios também para acabar com a onda de violência que destrói população árabe de Israel”.