O judeu que fugiu do nazismo e criou os Jogos Paralímpicos

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Selo comemorativo da terceira edição dos Jogos Paralímpicos, realizados em Tel Aviv, em 1968. O evento esportivo foi criado pelo neurologista judeu alemão Ludwig Guttmann, pioneiro na reabilitação de soldados aliados que serviram na Segunda Guerra Mundial.

 

Cara leitora,
Caro leitor,

 

A bem-sucedida campanha israelense nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, que se encerram neste domingo, trouxe uma visibilidade há muito esperada a uma população de 1,8 milhões de pessoas com deficiência no país.

Até aqui, foram nove medalhas no total, sendo seis de ouro, com três recordes mundiais batidos. Para efeito de comparação, cinco anos atrás, no Rio de Janeiro, Israel conquistou três bronzes.

Entre os destaques, Iyad Shalabi, primeiro árabe israelense a conquistar medalhas – duas de ouro, no caso – na história das Olimpíadas ou Paralimpíadas. E Ami Dadaon, nadador como Iyad, nascido prematuramente com paralisia cerebral. Vencedor de dois ouros e uma prata, quando questionado sobre qual palavra o define, respondeu: a fé.

Eugenia e nazismo

A história dos Jogos Paralímpicos remonta a 1939, quando o neurologista judeu alemão Ludwig Guttmann foi forçado pelo governo nazista a deixar o país. Guttmann foi à Grã-Bretanha, onde coordenaria um trabalho pioneiro de reabilitação de soldados que serviram na Segunda Guerra Mundial.

Até então, não havia registros de políticas públicas para reabilitar deficientes físicos, cuja vida era considerada de curta duração e de má qualidade, dentro de uma perspectiva de filosofia eugenista que prevalecia à época.

Guttmann desenvolveu um método que tinha a prática esportiva como pilar. E assim, em 28 de julho de 1948 criou o primeiro evento esportivo exclusivo para pessoas com deficiência.

A data não foi escolhida por acaso, uma vez que no mesmo dia teriam início os Jogos Olímpicos de Londres. Dali em diante, mais e mais países e atletas aderiram.

Mas a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos na mesma cidade foi interrompida em 1968, pois a Cidade do México desistiu por problemas financeiros e por falta de acessibilidade para pessoas em cadeira de rodas nos locais de competição. Tel Aviv, então, se ofereceu como sede e a proposta foi aceita.

Apps e máscaras transparentes

Atualmente, Israel conta com uma deputada surda no parlamento. Em emocionante discurso em linguagem de sinaisShirly Pinto, ativista política de longa data, comentou em julho: “Experimentei em primeira mão, na pele e na mente, a falta de acessibilidade, a falta de consciência, as barreiras estruturais da sociedade”.

A pauta de Shirly, representante do Yamina, partido que integra a coalizão governamental, é extensa. Segundo a parlamentar, esta população está entre as mais impactadas pela pandemia em Israel, com perda de empregos em escala desigual.

Shirly luta para facilitar a comunicação entre médicos e pacientes nos hospitais e propõe o uso de máscaras transparentes, dando acesso à leitura labial. Outro tema são os alarmes antiaéreos. A criação de apps em modo vibratório poderia ser uma ferramenta importante em tempos de bombardeios.

Há todo um caminho a ser percorrido para a conquista mais plena dos direitos das pessoas com deficiência em Israel. Mas ao menos, felizmente, ele não passa por um ministro de Estado dizendo que “alunos com deficiência atrapalham o aprendizado de outras crianças sem a mesma condição“.

Reserve a data
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Entre os dias 21 e 22 de novembro de 2021, acontecerá a primeira edição do Congresso Internacional de Estudos Sefaraditas, promovido pelo Centro de Estudos Judaicos da Amazônia (CEJA) com o apoio do IBI e do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos (NIEJ). A chamada de trabalhos encontra-se aberta até o dia 15 de outubro de 2021. Inscreva-se.

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