O que está por trás da decisão de Israel em transferir 1,2 milhão de doses de vacina da Pfizer para a Autoridade Nacional Palestina?

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Foto: Dado Ruvic / Reuters (3/11/2020)

Há três variáveis a considerar: a pragmática, a política e a ideológica.

A variável pragmática é a mais simples de entender. Os israelenses não precisam da vacina no momento. As doses a serem transferidas vencem em algumas semanas, e o acordo prevê que o país receba de volta, daqui a alguns meses, a mesma quantidade de imunizante.

Ao trocar vacinas com os palestinos, o país faz ainda um aceno à Pfizer, criticada por vender primeiro a Israel, mostrando a intenção do novo governo de manter o acordo com a farmacêutica para as suas campanhas de imunização anuais.

Politicamente, Israel quer voltar a ter boas relações com Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP). Fechando esse acordo, o novo governo demonstra que quer diminuir o protagonismo de grupos como o Hamas.

A dimensão ideológica também é importante, apesar de ser a mais complexa. Na perspectiva estritamente legal, assumida pelo governo anterior, Israel não tem a obrigação de vacinar a população das zonas A e B da Cisjordânia, de autonomia palestina.

Mas, hoje, o ministro da saúde é do partido esquerdista Meretz. Ele não somente reconhece que há ocupação, como assume certa responsabilidade moral, no caso da pandemia, sobre a população palestina.

Essas variáveis são fundamentais para entendermos as diferenças desse novo governo com aquele dirigido por Benjamin Nethanyahu.

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