Íntegra do discurso do novo ministro das Relações Exteriores e futuro primeiro-ministro rotativo Yair Lapid na cerimônia de transferência de cargo

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Yair Lapid discursa na Knesset em 13 de junho de 2021. Foto: Noam Moskowitz.

Abaixo, a íntegra do discurso de Yair Lapid com destaques do IBI.

“Bom Dia,

Estou aqui porque realmente quero estar. Minha nomeação como ministro das Relações Exteriores não aconteceu por acidente ou como resultado do quebra-cabeça de nomeações que acompanha a formação de uma coalizão. Eu queria estar aqui e fiz todo o esforço para isso.

Eu quero estar aqui porque conheço a área e me preocupo com ela, trabalhei nela nos últimos anos. Acredito que posso contribuir. Acredito que posso aprender com as pessoas que estão aqui. Acredito que faremos grandes coisas juntos.

Nos últimos anos, Israel abandonou seu serviço de relações exteriores, abandonou a arena internacional. E, então, acordamos uma manhã e descobrimos que nossa posição internacional havia se enfraquecido.

Os funcionários do Ministério do Exterior não são responsáveis por essa deterioração. O oposto é verdadeiro. Nos últimos anos, vocês têm sido os últimos obstáculos no caminho de um colapso total. Sem vocês, a situação seria muito pior.

Gabi Ashkenazi fez o melhor que pôde para melhorar a situação e o seu melhor é muito, mas ele estava no governo errado e sem apoio. Muitas arenas importantes foram negligenciadas.

A gestão da relação com o Partido Democrata nos Estados Unidos foi descuidada e perigosa. Já alertei contra isso mais de uma vez, mas o governo de saída fez uma aposta terrível, imprudente e perigosa, para se concentrar exclusivamente no Partido Republicano e abandonar a posição bipartidária de Israel. Os republicanos são importantes para nós, a amizade deles é importante para nós, mas não apenas a amizade do Partido Republicano.

Nós nos deparamos com uma Casa Branca, um Senado e uma Câmara democratas e eles estão chateados. Precisamos mudar a maneira como trabalhamos com eles. Ontem à noite falei com o Secretário de Estado (dos EUA) Antony Blinken. Ambos acreditamos que é possível e imperativo construir relações baseadas no respeito mútuo e num melhor diálogo.

O mesmo é verdade com o mundo judaico e especialmente a comunidade judaica nos Estados Unidos. É hora de mudar. O apoio de cristãos evangélicos e outros grupos é importante e comovente, mas o Povo Judeu é mais do que aliado, é uma família. Judeus de todas as correntes, Reformistas, Conservadores e Ortodoxos, são nossa família. E a família é sempre o relacionamento mais importante e que mais precisa ser trabalhado, mais do que qualquer outro.

Além disso, com os países da União Europeia, a nossa situação não é boa o suficiente. Nosso relacionamento com muitos governos foi negligenciado e se tornou hostil. Gritar que todo mundo é antissemita não é uma política ou um plano de trabalho, mesmo que às vezes pareça certo.

Falei ontem à noite com o Alto Representante da UE para as Relações Exteriores e Política de Segurança, Josep Borrell, e troquei mensagens com o meu amigo, o presidente Macron, da França. Todos nós pensamos que é hora de mudar, de melhorar, de aprofundar o diálogo entre Israel e a Europa.

Temos que nos preparar rapidamente para o retorno ao acordo nuclear com o Irã. Foi um mau acordo. Eu me opus. Eu ainda me oponho a ele. Israel poderia ter, com uma abordagem diferente, influenciado muito mais.

Faremos essa tarefa juntamente com o primeiro-ministro Bennett, mas há um princípio fundamental: Israel fará o que for necessário para impedir que o Irã obtenha uma bomba nuclear.

É claro que parte do nosso trabalho será fortalecer nossa presença na região. Grandes coisas aconteceram no ano passado. Precisamos continuar o desenvolvimento que começou com os Acordos de Abraão. Trabalhar para fortalecer a paz com os Estados do Golfo, com o Egito e com a Jordânia. Trabalharemos para assinar acordos com mais países da região e além. É um processo, não vai acontecer em um dia, mas o Ministério do Exterior vai coordenar esses esforços.

Nesse sentido, gostaria de acrescentar algo à luz dos relatórios recentes: a Jordânia é um importante aliado estratégico. O Rei Abdullah é um importante líder regional e um aliado estratégico, trabalharemos com ele e fortaleceremos as relações entre nossos países.

Como sempre, a arena palestina definirá, em grande medida, outras arenas também. Podemos não estar esperando um acordo final em breve, mas há muito que podemos fazer para melhorar a vida dos palestinos e o diálogo com eles sobre questões civis.

Nesse contexto, gostaria de dizer algo sobre a última operação em Gaza. O mundo nem sempre entende as condições em que Israel opera. Tentaremos mudar isso. Não vai acontecer da noite para o dia, não vai acontecer em um mês, mas diante da propaganda vergonhosa contra nós, precisamos deixar claro para o mundo que estamos lutando contra uma organização terrorista doentia que não tem problemas em disparar foguetes de jardins de infância e escolas.

Israel tem todo o direito de se defender. O Hamas precisa saber que não hesitaremos em responder com força a qualquer lançamento de foguete ou ataque terrorista. O Hamas é o único responsável pela morte de civis inocentes. Mesmo assim, não é fraqueza admitir que nosso coração se parte por cada criança que morre neste conflito. As crianças não precisam morrer nas guerras dos adultos.

Não falei sobre uma série de outras questões importantes – Rússia, China, Índia, América Latina, Ásia, África, investimento econômico em Israel, mas precisamos deixar algo para os próximos dias.

Quando vejo nossa posição internacional, especialmente com os países do Ocidente, vejo que nossa situação não é boa. Não me lembro de um período em que nossa História tenha sofrido um ataque tão prolongado. Muitas vezes, a liderança de saída ganhou alguns pontos internamente por meio de relações públicas e declarações irresponsáveis, sem levar em conta o dano que causa à nossa posição internacional. Vou agir de forma diferente.

Mas, porque sou um político, às vezes vou cometer um erro, e então espero que vocês venham e me alertem para isso. Vocês descobrirão que acredito em uma cultura organizacional na qual vocês podem dizer tudo, desde que sirva à nossa missão.

Insisti no fato de que, nos acordos de coalizão, o Ministério do Exterior receberá um aumento significativo em seu orçamento. Iniciaremos hoje o processo – que será liderado pelo vice-ministro das Relações Exteriores Idan Roll – de integração e volta ao Ministério das Relações Exteriores do Ministério de Assuntos Estratégicos e à gestão da luta contra a deslegitimação de Israel.

Trabalharemos juntos para acelerar a aprovação de embaixadores e cônsules e de nomeações importantes, o que deveria ter sido feito há muito tempo. A era de matar de fome o Ministério das Relações Exteriores de Israel não vai continuar.

Por muito tempo vocês foram deixados sozinhos nesta luta. Nesse contexto, vocês fizeram e estão fazendo um trabalho incrível. Quero agradecer a Gabi Ashkenazi mais uma vez, que trouxe para a mesa habilidades de organização, gestão e muita sabedoria.

Israel tem uma História forte. Os fatos estão do nosso lado. Somos uma democracia vibrante que busca a paz e luta por sua vida contra as forças mais sombrias do terrorismo do mundo.

Estou feliz por estar aqui com vocês. Eu esperei por isso muito tempo.

Obrigado.”

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