O Centro Acadêmico 22 de Agosto, da Faculdade de Direito da PUC-SP, propôs um evento sobre o conflito Israelo-Palestino que, como explicitado por seus organizadores, tinha por intenção manifestar e endossar sua visão sobre o conflito e militar junto de seu público sobre a causa palestina.
Diante desse evento, o Laboratório Israel Palestina – LIP, grupo de estudos formado por alunos da PUC-SP fundado, com o apoio do IBI, com o intuito de discutir as diferentes narrativas que compõem os estudos sobre Israel e Palestina, decidiu se posicionar. Leia a nota divulgada pelo Laboratório.
NOTA DE POSICIONAMENTO DO LABORATÓRIO ISRAEL-PALESTINA (LIP)
O LIP (“Laboratório Israel Palestina”) foi criado em 2019 por alunos de diversas faculdades da PUC-SP com o intuito de discutir as diferentes narrativas que compõem os estudos sobre Israel e Palestina.
Com alunos de ciências sociais, psicologia, direito e relações internacionais, o grupo aborda o assunto de maneira a trazer as diferentes leituras acadêmicas presentes nas ciências humanas para dar subsídio ao que se pretende: abordar o tema em sua devida complexidade.
Falar em complexidade, é claro, não nos exime de posicionamentos. Não se trata, portanto, de descartar movimentos de militância. Nosso objetivo é não nos restringirmos a eles. O interesse do LIP é propor o desenvolvimento de discussões acadêmicas sobre o assunto, trazendo à tona uma pluralidade de perspectivas, muitas das quais, possivelmente, não estarão sempre a contento da militância deste ou daquele membro do grupo.
De tempos em tempos, especialmente em épocas de escalada de violência entre israelenses e palestinos, o conflito ganha mais visibilidade e atinge, principalmente, a imprensa e as universidades. Não foi diferente nesta última onda de conflitos.
Nesse contexto, o Centro Acadêmico 22 de agosto, da Faculdade de Direito da PUC-SP, propôs um evento que, como explicitado por seus organizadores, tem por intenção manifestar e endossar sua visão sobre o conflito e militar junto de seu público sobre a causa palestina.
A representação do CA optou por escolher palestrantes que endossam a visão que defende, e assim respondem às críticas alegando que a intenção não é colocar o assunto em perspectiva, mas militar por uma causa sobre a qual já assumiram um único posicionamento, com o qual não concordamos.
Sabemos que nas discussões que acontecem para analisar o conflito, em diversas instâncias, as generalizações tomam conta. A simplificação e a homogeneização de narrativas a partir de dois lados que se excluem mutuamente é algo que sempre nos chamou a atenção e estimulou a criação deste espaço.
Não nos interessa, no entanto, apontar o dedo para ninguém nem ferir a autonomia do Centro Acadêmico 22 de agosto, mas sim ressaltar que o tom do debate envolvendo os que criticam e os que defendem o evento do CA não é nada mais, nada menos, do que um velho e improdutivo embate de ideias que seguem fomentando a polarização.
Nesse sentido, o LIP chama atenção para a importância de um espaço para o estudo a partir de uma abordagem plural e acadêmica de temas relacionados ao conflito israelo-palestino, em que seja possível explorar a complexidade das narrativas sem por isso ser neutro ou isento.
Assim, convidamos aqueles que acham que este é um conflito apenas de dois lados a explorar outros lados possíveis, construindo conjuntamente um evento com diferentes perspectivas sobre um assunto tão complexo.