Fim das UTIs de Covid nos hospitais de Israel: país de volta à normalidade

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O estacionamento do Sheba quando ainda era UTI de Covid-19. (Foto: Centro Médico Sheba)

TEL AVIV – Uma simples foto pode dizer muito. O assessor de imprensa do Centro Médico Sheba (pronuncia-se Shíba), o maior hospital de Israel, enviou no domingo (18/04), no grupo de WhatsApp dos jornalistas estrangeiros em Israel, uma foto de um dos estacionamentos subterrâneos do hospital. A princípio, não explicou o que a imagem dos carros mundanos estacionados entre colunas enumeradas queria dizer. Depois, mandou a seguinte legenda: 

“Se houvesse alguma dúvida de que chegamos ao fim da primeira batalha contra a Covid-19: nosso estacionamento subterrâneo, que servia como unidade de cuidados intensivos para o corona, voltou ao seu propósito original”.

O Hospital Sheba (conhecido mais por Tel Hashomer, local onde fica), desmontou sua UTI de corona – que havia criado de modo improvisado em um de seus estacionamentos em abril de 2020 – porque não há mais necessidade. Outro grande hospital, o Hadassah, de Jerusalém, também anunciou, esta semana, que fechou sua última enfermaria de medicina interna de Covid-19. Apenas seis pacientes com coronavírus permanecem no hospital.

Estacionamento do Hospital Sheba sem a UTI de emergência: de volta ao objetivo inicial, que é ser apenas um estacionamento. (Foto: Centro Médico Sheba)

Atualmente, em todo o país, há menos de 2 mil pessoas com corona num universo de 9,3 milhões de habitantes. Entre elas, apenas 161 casos graves (77% deles são pessoas que não se vacinaram).

Os números são incrivelmente baixos. Há apenas quatro meses, eram mais de 80 mil doentes ativos e 1,2 mil casos graves. Diante dessa queda, o país voltou a abrir sua economia quase que totalmente. A partir de domingo, 18 de abril, não é mais necessário usar máscara em locais abertos: nas ruas, nos parques, nas praias, etc.  

As escolas reabriram totalmente, para todas as idades, sem cápsulas (turmas divididas) nem nada. Restaurantes, shoppings, lojas de ruas, academias de ginástica, clubes e escritórios estão todos abertos.  

Não é preciso mais medir a temperatura na entrada dos supermercados. Em vez disso, os guardas voltaram a checar as bolsas dos clientes – algo que, durante o ano louco do coronavírus, não se preocuparam em fazer, já que parecia ser mais perigoso deixar entrar clientes com febre do que com armas. 

Na verdade, a única instrução que ainda continua no dia a dia (além de alguma restrição numérica em festas e cerimônias), é usar máscara dentro de ambientes fechados, como shoppings, transporte público e lojas de rua.

O relaxamento é fruto, antes de tudo, da vacinação em massa no país, que começou em 20 de dezembro. Hoje, quatro meses depois, 5 milhões dos 9,3 milhões de moradores do país (53%) já estão vacinados com as duas doses das vacinas da Pfizer e da Moderna. 

Se tirarmos as crianças com menos de 16 anos, que ainda não podem receber o imunizante, pode-se dizer que 75% dos adultos já foram totalmente vacinados. O percentual de pessoas fora de perigo de morrer de Covid sobe ainda mais se contarmos as 800 mil que pegaram o vírus e desenvolveram anticorpos.

Mas, além do sucesso da vacinação, Israel realizou um lockdown pesado também desde dezembro (o terceiro lockdown em um ano) e reabriu a economia aos poucos. A abertura aconteceu tão devagar que muita gente ainda está usando máscara nas ruas mesmo sem precisar. Esquecem que não precisam mais vestir as máscaras ao sair do ônibus ou de uma loja. Se acostumaram com o acessório a ponto de nem lembrar que estão com ele. 

Alguns acham que é melhor continuar com todos os cuidados de higiene, apesar de tudo. Afinal, depois de um ano surreal de uma distopia cinematográfica, ainda parece incrível que as coisas voltem ao “normal”. Principalmente quando as pessoas sabem que Israel é quase como uma ilha de “normalidade” num mundo que ainda vive o drama das altas infecções e mortes por Covid-19.

A vacinação, acompanhada de lockdown e saída lenta do lockdown parecem ter levado à tão sonhada “imunidade coletiva”. Cerca de 15% dos adultos não se vacinaram – alguns por problemas de saúde ou ignorância, alguns por negacionismo e burrice. Mas eles têm sorte, porque tanta gente foi responsável, seguiu a ciência e se vacinou que o vírus não tem mais tantas vítimas para infectar e está minguando.  

Mas tudo isso pode ser uma ilusão. Variantes mais agressivas podem levar a novos surtos a qualquer momento. Mais uma onda de coronavírus pode desembarcar em Israel a qualquer momento, juntamente com os primeiros turistas estrangeiros ou com os israelenses que já começam a sair de férias para países como a Grécia e podem trazer de volta, além dos souvenirs, novas mutações.

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