É quase um padrão: basta que se intensifiquem as denúncias de genocídio, de ligação com movimentos supremacistas e de flerte com o ideário nazista para que a “comunidade judaica” seja convocada e instrumentalizada pelo presidente da república.
Pode ser um clube, um representante do Estado de Israel ou uma liderança comunitária. Sempre haverá quem esteja disposto a atender o chamado.
Bolsonaro no Clube Hebraica do Rio de Janeiro (abril de 2017)
Bolsonaro em encontro com o então embaixador de Israel no Brasil Yossi Shelley (julho de 2019)
Difícil entender o que o presidente da Confederação Israelita do Brasil (CONIB) estava fazendo em um “jantar com empresários”. O Governo Federal acaso enxerga os judeus como empresários? A CONIB como representante de classe?
A escolha do seleto grupo de pessoas alinhadas tinha o objetivo claro de produzir manchetes. Num dia de recorde de mortes e no qual a Câmara aprovou o projeto de lei que permite a compra de vacinas por empresas privadas, tornou-se um escárnio.
Não tardou para que Eduardo Bolsonaro mostrasse como a instrumentalização opera. E para que setores progressistas endossassem a narrativa.
Para o judaísmo, a obrigação de preservar a vida humana é tanta que o princípio de “pikuach nefesh” estabelece que quando a vida de uma pessoa está em perigo, os demais mandamentos perdem valor. No momento mais grave da pandemia, sabemos bem de que lado permanecer.