A campanha de vacinação continua em Israel, país que mais vacinou proporcionalmente sua população em todo o mundo. Ainda assim, a despeito da esperança trazida pela vacina, Israel passa por um grande problema interno que desafia a coexistência entre uma maioria laica e uma minoria ultraortodoxa. Os haredim, grupo de judeus ultrarreligiosos, são apenas 13% da população, e mesmo assim representam mais de um terço dos contaminados pela Covid-19 no país.
Essa disputa não é de hoje, o confronto entre religião e Estado começou muito antes da pandemia. Dentro desse contexto, não é difícil imaginar que confrontos ocorram de tempos em tempos, mas nenhum deles foi tão expressivo quanto o da última semana, envolvendo grupos haredi e a polícia israelense. Com destruição e queima de ônibus, os ultrarreligiosos protestaram contra a intervenção das forças de segurança para conter aglomerações, já que, ignorando as recomendações do Ministério da Saúde, eventos como casamentos e sinagogas estão sempre cheios.
Ana Buchmann e Amanda Hatzyrah conversaram com a antropóloga Marta Topel, professora e Diretora do Centro de Estudos Judaicos da USP, e com Richard Sihel, pedagogo e guia do Museu Yad Vashem, que mora em Jerusalém e está acompanhando tudo de perto. Para Marta, a origem da disputa entre os setores laicos e ortodoxos é a Lei do Status Quo, assinada por Ben Gurion na fundação do Estado de Israel. Tal disputa se exacerbou durante a pandemia. Richard conta que a repressão policial foi violenta contra aglomerações dos haredim, e a revolta dos grupos ultrarreligiosos contra o lockdown israelense aumentou em grande escala, gerando, também, ações violentas como depredação de um trem em Jerusalém.
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