Participar da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) é um sonho antigo do Instituto Brasil-Israel. Há dois anos, começamos a idealizar a ocupação de uma casa na cidade de Paraty que pudesse abrigar uma programação paralela em sinergia com a festa literária. Tradicionalmente, escritores israelenses e árabes integram o evento, abordando questões complexas, como o conflito Israel-Palestina, com delicadeza e contundência.
Pensando nisso, nossa equipe idealizou uma programação que une literatura, política e atualidades. A pandemia provocou diversas separações, mas também possibilitou que autores de diversas partes do mundo participassem de nossas mesas.
A programação “Diálogos Literários Brasil-Israel”, nosso espaço na FLIP, tem início neste sábado, 12/12, com convidados brasileiros e israelenses. Todas as mesas serão transmitidas através da nossa página no Facebook e no canal no YouTube da FLIP. Confira a programação!
Poucos são aqueles que não sabem exatamente onde estavam quando receberam a terrível noticia do assassinato de Yitzhak Rabin, em Israel, e de Marielle Franco, no Brasil. Em ambos os casos, os crimes que lhes tiraram as vidas envolveram motivações políticas, e embora os casos tenham suas diferenças, a semelhança fundamental é que os assassinos estavam situados em um contexto social de radicalização e violência. Rabin e Marielle ainda têm suas histórias contadas de diferentes formas, e narrativas são disputadas para falar do ocorrido. Como olhar para a história desses assassinatos políticos e de reputações será o tema dessa mesa.
Itamar Rabinovich foi embaixador de Israel em Washington (EUA) na década de 1990 e fez parte da equipe do primeiro-ministro Yitzhak Rabin. Escreveu diversos livros que tratam da temática das negociações de paz entre Israel e Síria — das quais foi um dos principais protagonistas. Foi também presidente da Universidade de Tel Aviv de 1999 a 2007, onde atualmente é professor emérito de História do Oriente Médio, além de professor na Universidade de Nova York e bolsista na Brookings Institution.
Vera Araújo é repórter investigativa em O Globo, além de advogada, tendo passado por Jornal do Brasil e O Dia. Em 2005, revelou a existência de grupos paramilitares na região de Jacarepaguá (RJ) que extorquiam dinheiro de moradores. Foi dela a ideia de batizá-los como milícias. Pela reportagem, ganhou o Prêmio Especial Tim Lopes de Jornalismo Investigativo (2009). Entre outros prêmios, recebeu o Imprensa Embratel (2003), o Esso Sudeste (2009), o Tim Lopes (2010) e o Troféu Mulher Imprensa (2012).
Keret e Duvivier vivem em países inflamados. Conflitos, ódios e confrontos são comuns em Israel e no Brasil de nossos tempos. Ambos, Duvivier e Keret, são astutos observadores de suas respectivas realidades. Sem denuncismos fáceis, usam o humor para falar se seus países. Um humor desafiador, de crítica social, que recoloca questões por ângulos pouco imaginados. Nessa mesa pretendemos discutir estratégias de humor com crítica social em Israel e no Brasil, seja nas crônicas literárias de Keret, seja nas crônicas cotidianas dos roteiros de Duvivier.
Etgar Keret nasceu em Ramat Gan em 1967. Seus escritos foram publicados na The New Yorker, Zoetrope e na Paris Review. Seus livros foram traduzidos para 37 idiomas. Em 2007, junto com Shira Geffen, ganhou o prêmio Camera d’Or do Festival de Cinema de Cannes por seu filme Medusa. Em 2010, recebeu o medalhão de Chevalier da Ordem das Artes e das Letras da França.
Gregório Duvivier nasceu no Rio de Janeiro, em 1986. É formado em letras pela PUC-Rio. Participou de filmes como “Apenas o fim” (2009) e encenou diversas peças, entre elas “Zé – Zenas Emprovisadas”, vencedora do Prêmio Shell em 2004, e “Uma noite na Lua”, pela qual venceu o prêmio APTR de melhor ator em 2012. É um dos idealizadores do coletivo Porta dos Fundos, em que trabalha como roteirista e ator, e autor de “A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora” (7Letras, 2008), “Ligue os pontos – poemas de amor e big bang” (Companhia das Letras, 2013) e “Caviar é uma ova” (Companhia das Letras, 2016). Colabora com a Folha de S.Paulo, assinando uma coluna semanal na Ilustrada.
A literatura e o jornalismo em situações de conflito se encontram nessa mesa, na qual a correspondente de guerra Adriana Carranca conversa com a escritora israelense Ayelet Gundar-Goshen sobre encontros afetivos nas guerras e nos pós-guerras. A vida familiar, o cotidiano e a memória são temas tratados por ambas em seus livros.
Adriana Carranca é escritora e jornalista, especializada na cobertura de conflitos, crises humanitárias e direitos humanos, com olhar especial sobre a condição das mulheres. Foi colunista dos jornais O Estado de S.Paulo e O Globo e repórter enviada para coberturas especiais, como a série de reportagens sobre as guerras no Iraque e na Síria, onde testemunhou um ataque do Estado Islâmico contra a base em que estava, enquanto acompanhava milicianos curdos.
Ayelet Gundar-Goshen nasceu em Israel em 1982. É mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de Tel Aviv. Seus roteiros ganharam prêmios em festivais internacionais, incluindo o Berlin Today Award e o Prêmio do Festival de Curta-metragem da Cidade de Nova York. “Uma noite, Markovitch”, seu primeiro romance, ganhou o Prêmio Sapir para melhor estreia.
As mesas do dia 18/01 serão divulgadas mais próximo da data.