Neste 27 de janeiro, Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, diremos mais uma vez: “nós lembramos”. A data faz referência à liberação de Auschwitz-Birkenau, o maior campo de extermínio nazista, em 1945. A depender da forma como a memória do genocídio é construída, porém, pode ser aprisionante ou libertadora. 75 anos depois, o que importa lembrar?
1. Evocar o passado para agir no presente
Lembrar do passado só tem sentido se for para agir no presente. Sacralizar a tragédia, transformando-a num monumento a ser cultuado, imobiliza e desmobiliza. Honrar as vítimas é lutar por um mundo onde não exista lugar para novos genocídios.
2. Holocausto é obra humana
O Holocausto não pode ser tomado como um evento tão excepcional a ponto de tornar-se inconcebível. Não foram “monstros”, desses que existem apenas na fantasia, os responsáveis pela tragédia. O Holocausto é fruto da ação dos homens e, nesse sentido, revela o que somos capazes se não houver atenção contínua.
3. Nazismo não começou com Auschwitz
É preciso historicizar o passado, compreendendo os processos que levaram à tragédia. O nazismo não começou com Auschwitz. Entender os sinais que preparam o terreno à determinada realidade permite agir enquanto ainda é tempo para evitá-la.
4. Reagir contra tentativas de se criar sociedades homogêneas a partir da ideia de um falso-universal
Patriotismo exacerbado, perspectivas ultranacionalistas e ufanismo voltaram à moda. Mas tentativas de se criar sociedades homogêneas, a partir da ideia de um falso-universal, são sempre processos excludentes.
5. Erguer a cabeça, levantando os olhos do umbigo para olhar em volta
Holocausto não é patrimônio judaico. A experiência do genocídio nazista legou aprendizados universais. Cabe, então, perguntar: quais as formas de opressão contemporâneas? Quais grupos mais vulneráveis? De que forma o legado do Holocausto nos auxilia a enfrentá-las?