Na última terça-feira, 27/08, o cientista social e colaborador do IBI Daniel Douek participou de um bate-papo com a equipe do ACCESS Brasil, ligada ao American Jewish Comitee.
Intitulada “Se Glenn Greenwald é judeu e Abraham Weintraub, não, por que tem gente que enxerga o contrário?”, a conversa tratou do atual momento político vivido no Brasil.
Para Douek, “há décadas, judeus sionistas de diversas matizes se insurgem contra o que é percebido como uma hostilidade de um certo campo progressista, expressa em ‘partidos de esquerda’, na ‘imprensa’, nas ‘universidades’ e em organismos multilaterais, como a ‘ONU’. Esse sentimento deu impulso à criação de inúmeras ONGs, nacionais e internacionais, para denunciar o viés anti-Israel em cada um desses fóruns, num trabalho que, em hebraico, é conhecido como ‘hasbará’ – literalmente, ‘explicação’. Assim, se, para a sociedade brasileira em geral, ataques ao ‘campo progressista’ – entendido em sentido alargado – constituem uma novidade, no âmbito da comunidade judaica, a circulação desse tipo de discurso já era, há muito tempo, uma realidade corriqueira. Dessa forma, parte da comunidade judaica encontrou eco de suas aspirações no discurso da nova onda conservadora, que, por sua vez, viu nela aliados potenciais. Isso acabou intensificando o deslocamento da percepção popular sobre a identidade judaica do campo étnico-religioso para o político-ideológico”, explicou.