Cerca de 150 pessoas lotaram a sala principal da Casa do Povo, no coração do Bom Retiro, na região central de São Paulo, para o evento em homenagem ao escritor israelense Amós Oz, no último sábado (04/05).
A jornada começou com uma mesa de debates sobre a obra literária de Oz, com participação da professora da Universidade de São Paulo Nancy Rozenchan e do professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro Michel Gherman, que é também colaborador do IBI. Nancy explicou os desafios de fazer a tradução da obra de Oz e a complexidade da geração de escritores da qual Amós Oz faz parte — isto é, que nasceram em Israel antes da fundação do Estado e tiveram que rever sua relação com o país.
Já o professor Michel Gherman fez uma interpretação da obra do autor a partir da escolha de nomes dos personagens e de passagens literárias que evidenciam conflitos do próprio autor com relação à tradição e também traição de sua própria identidade.
A segunda mesa, com participação da professora da Universidade Estadual Paulista Heloisa Pait e do jornalista João Paulo Charleaux, deu ênfase à atuação política de Oz. Heloisa chegou a se emocionar durante sua fala, também emocionando o público presente. Já o jornalista Charleaux fez considerações sobre a militância do escritor, ao destacar a postura pragmática de Oz diante de situações conflituosas, na busca por um consenso entre as partes, e a importância do lugar da dúvida. “Apenas os fanáticos alimentam certezas”, resumiu.
No intervalo entre as mesas, a atriz Mika Lins fez leituras de trechos da obra de Oz. O local recebeu ainda uma exposição com as ilustrações da artista visual Carla Caffé para o livro “Sumchi”. Após a discussão das mesas, foi exibido o filme “De Amor e Trevas”, dirigido pela atriz Natalie Portman, e baseado na obra homônima e sobre as memórias do escritor e ativista israelense.