Na última aula do curso de formação do IBI no Rio de Janeiro, no dia 07/12, Luís Edmundo de Moraes, professor de História da UFRRJ, foi recebido novamente. Retomando o fio da meada de sua última aula, sobre antissemitismo e racismo, buscou sinterizar a questão e propor uma reflexão sobre os usos contemporâneos do termo.
Seu principal objetivo foi traçar a relação clara da constituição do antissemitismo no século XIX com o racismo. Assim, o fenômeno histórico do antissemitismo é baseado em princípios de hierarquização e naturalização de diferenças, gerando novas formas de exclusão social. Quando associados a práticas de higiene e engenharia social, não só a segregação e a exclusão fazem parte, como a lógica do extermínio entra no horizonte.
Desta maneira, o professor propôs um questionamento sobre os usos da palavra antissemitismo, sejam eles políticos – regidos pela lógica da eficiência do uso da palavra para seus objetivos políticos – ou analíticos – regidos pela lógica rigorosa de análise do mundo social. Quando pensamos a partir deste enquadramento, é possível entender como faz sentido a falta de coerência interna de certos usos da palavra antissemitismo.
Todavia, nestes casos, a abrangência e falta de rigor do uso do termo abre espaço para sua banalização. Equacionar, por exemplo, questionamentos e críticas ao Estado ou ao governo israelense, com antissemitismo, pode abrir espaço para a perda de força descritiva da palavra em outros casos. Ademais, por mais odiosas que certas manifestações sejam, Luís Edmundo defendeu a necessidade de distingui-las do antissemitismo, por sua relação com o racismo. De outro modo, quando há a necessidade de descrever algo com o peso da palavra antissemitismo, ele não mais existirá e não será possível seu combate eficaz.
No entanto, como foi o objetivo deste curso como um todo, tratar deste assunto não é algo excepcional, como a relação com a historicidade do racismo já demonstra. É possível pensar a partir deste prisma sobre Israel e Palestina, sobre fascismo, sobre questões de gênero, etc. Trata-se de pensar de forma conectada e rigorosa, vendo o mundo como um todo e não como guetos isolados. Assim é possível dialogar e trabalhar no mundo.