Na noite de 06/12, uma proposta de resolução apresentada pelos EUA à Assembleia Geral da ONU que condenava o Hamas “por disparar repetidamente foguetes contra Israel e por incitar violência, colocando em risco os civis” contou com o apoio do Brasil.
O país votou a favor, junto com outros Estados latino americanos, tais como Argentina, Chile, Colômbia, México, Paraguai, Peru e Uruguai, e a maioria dos países europeus. Já os países árabes votaram contra, inclusive aqueles que se aproximaram recentemente de Israel, como Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Omã – o mesmo aconteceu com Egito, Jordânia, Marrocos e Sudão.
Descontando-se as abstenções, a resolução foi endossada pela maioria dos países. Foram 87 a favor, 57 contrários e 36 abstenções. Entretanto, o texto não foi aprovado. Isso porque, cerca de 20 minutos antes de submetê-lo ao plenário, a Assembléia Geral realizou uma votação separada sobre o tamanho da maioria necessária para aprovação. Os EUA defendiam maioria simples, enquanto o Kuwait queria maioria de dois terços. O pedido do Kuwait ganhou por pequena margem, também com o apoio do Brasil. Foram 75 votos a favor, 72 votos contrários e 26 abstenções. Como resultado, a aprovação da resolução anti-Hamas tornou-se inviável.
O Brasil segue, assim, tentando não se indispor com os países membro da Assembleia Geral das Nações Unidas.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu divulgou uma nota sobre a votação dizendo: “O texto de condenação do Hamas na Assembléia Geral da ONU recebeu o apoio de uma maioria esmagadora de países que se posicionaram contra o Hamas. Embora não tenha alcançado uma maioria de dois terços, esta é a primeira vez que uma maioria de países vota contra o Hamas e eu cumprimento cada um dos 87 países que adotaram uma posição a priori contra o Hamas. Essa é uma conquista muito importante para os EUA e Israel”.
A Assembléia Geral da ONU também votou uma segunda resolução apresentada pela Irlanda e apoiada pela Autoridade Palestina, em favor de uma solução de dois Estados. O texto incluía a condenação de assentamentos israelenses e uma referência aos parâmetros de um futuro acordo de paz, tendo sido aprovado por esmagadora maioria: 156 países votando a favor e apenas Israel, EUA, Austrália, Libéria e Ilhas Marshall votaram contra.
Confira a íntegra do texto de condenação ao Hamas, traduzido ao português.
Atividades do Hamas e outros grupos militantes em Gaza
A Assembleia Geral,
Reafirmando o apoio a uma paz justa, duradoura e abrangente entre israelenses e palestinos, em conformidade com o direito internacional, e tendo em conta importantes resoluções das Nações Unidas,
Reconhecendo que todos os atos de violência contra civis, particularmente atos de terror, assim como todos os atos de provocação, incitamento e destruição servem apenas para corroer a confiança e dificultar os esforços para conseguir uma solução pacífica,
1. Condena o Hamas por disparar repetidamente foguetes contra Israel e por incitar violência, colocando em risco os civis;
2. Exige que o Hamas e outros atores militantes, incluindo o palestino Jihad Islâmica, cesse todas as ações provocativas e atividades violentas, inclusive usando dispositivos incendiários no ar;
3. Condena o uso de recursos pelo Hamas em Gaza para construir infraestrutura militar, incluindo túneis para se infiltrar em Israel e equipamentos para lançar foguetes em áreas civis, quando esses recursos poderiam ser usados para atender às necessidades da população civil;
4. Apela ao pleno respeito de todas as partes pelo direito internacional em matéria de direitos humanos e direito internacional humanitário, inclusive no que diz respeito à proteção da população civil;
5. Apela também à cessação de todas as formas de violência e intimidação dirigido contra pessoal médico e humanitário, e reitera a importância do respeito à inviolabilidade e neutralidade das instalações das Nações Unidas;
6. Incentiva passos concretos para a reconciliação intra-palestina, incluindo apoio aos esforços de mediação do Egito, e medidas concretas para reunir a Faixa de Gaza e a Cisjordânia sob a Autoridade Palestina e garantir a seu funcionamento eficaz na Faixa de Gaza;
7. Congratula e apela a um maior empenho por parte do Secretário-Geral e do Coordenador Especial das Nações Unidas para o Processo de Paz no Oriente Médio para ajudar, em cooperação com os parceiros interessados, nos esforços para desescalar a situação e atender às necessidades urgentes de infra-estrutura, humanitárias e de desenvolvimento econômico.