Frequentemente entendida de forma simplificada e maniqueísta, a sociedade civil israelense foi o tema da quinta aula do curso de formação do IBI no Rio de Janeiro, realizada no dia 21 de setembro. Buscando refletir de outra forma, a questão foi apresentada fugindo de idealizações e diabolizações pelo professor Bernardo Sorj.
Nesse sentido, ele apresentou a sociedade israelense de forma plural, tentando dar conta de sua complexidade e suas tensões. Divisões políticas, econômicas, étnicas, linguísticas, culturais e religiosas a atravessam de forma a criar, nas palavras do professor, arquipélagos sobrepostos que estruturam a sociedade civil israelense.
Assim, não se trata de um bloco monolítico que pensa e age como um, mas uma sociedade extremamente plural, composta por judeus ashkenazim, mizrahim e etíopes, sionistas, não-sionistas e antissionistas, árabes, drusos, beduínos, cristãos, muçulmanos, seculares, religiosos e ortodoxos, pobres e ricos. Enfim, uma sociedade múltipla, com suas particularidades e, assim, normal.
Dessa forma, é também marcada por profundas desigualdades que a estruturam, cujos principais marcadores se definem por esses grupos. Trata-se de uma sociedade dinâmica, passando por profundas transformações sociais, demográficas e econômicas que geram novas formas de pertencimento e exclusão.
Todavia, algo abordado brevemente, mas de fundamental importância que tem transformado as lógicas sociais: a ocupação israelense sobre os territórios palestinos. Esse processo atua internamente sobre Israel, consolidando uma sociedade de ocupação, com consequências nefastas para todos, principalmente para os ocupados, mas também para os ocupantes. Especialmente quando se considera o papel central de integração da guerra, do militarismo e do Exército na sociedade israelense, que é uma das principais instituições unificadoras numa sociedade constituída principalmente e ainda hoje pela imigração. Assim, produz-se cidadania diferencial para alguns, enquanto outros são excluídos completamente. Segundo Sorj, este é um risco grande de embrutecimento para uma sociedade tão plural e vibrante quanto a israelense.