A sexta aula do curso de formação do IBI, ministrada por Daniel Golovaty, na última segunda-feira, 24/09, em São Paulo, abordou os pontos simétricos e assimétricos do conflito entre israelenses e palestinos.
Um dos principais pontos tratados pelo historiador e psicanalista foi a centralidade do conflito israelense-palestino nas disputas ideológicas das últimas décadas no ocidente, a saber, o forte apoio de setores das esquerdas à causa palestina e o discurso da “guerra de civilizações” por parte de setores da direita.
Segundo Golovaty, a narrativa da “guerra de civilizações”, no que diz respeito a Israel e ao Oriente Médio, seria a visão do triunfo da civilização ocidental ameaçada pelo fundamentalismo islâmico.
Do ponto de vista do tamanho do apoio das esquerdas em relação aos palestinos, mas não à causas congêneres, de povos em situações análogas, como dos curdos, tibetanos, uigures etc., a narrativa construída é a antiimperialista. Setores estes que enxergam Israel como guardião do poder do “Império” de maneira muito similar ao fenômeno do antiamericanismo.
Chamando atenção para as dimensão assimétricas entre israelenses e palestinos, qual seja, a diferença de forças entre ambos, Golovaty propõe um olhar para além dessa visão binária. Ele explica que, além desta condição assimétrica do conflito, há uma outra, muito menos abordada, que é a sua dimensão simétrica: o conflito entre israelenses e palestinos é o produto histórico do embate de dois movimentos nacionais pelo mesmo território.
O conflito entre ambos os nacionalismos deve ser visto, segundo o professor, como disputas entre duas narrativas igualmente legítimas.