Na última sexta-feira, o IBI apoiou o debate “Israel e Palestina: democracia e desigualdades”, com Bruno Bimbi, no Centro Acadêmico da Biologia da USP. Bimbi é jornalista, doutor em Letras/Estudos da Linguagem (PUC-Rio), ativista LGBT e integrante da executiva estadual do PSOL-RJ.
Além do palestrante, o evento contou com a participação dos comentadores Daniel Golovaty, historiador pela Universidade de São Paulo, e Michel Gherman, professor de História e coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos e Árabes da UFRJ.
Bimbi chamou a atenção para uma agenda comum presente tanto nos setores mais radicalizados da esquerda antissionista como da direita sionista: para ambos, não se pode ser sionista e de esquerda. Segundo Bimbi, essa ideia, em ambos os lados do espectro político, acaba negando a própria história do sionismo.
Daniel Golovaty questionou a relação direta entre sionismo e colonialismo. Segundo o historiador, o pensamento anti-imperialista presente nas esquerdas se faz valer de distorções históricas, equívocos conceituais e, até mesmo, preconceitos ideológicos quando o assunto é Israel e a questão palestina.
Michel Gherman falou sobre memória. O embate entre israelenses e palestinos, segundo o professor, produz memórias em conflito. A relação entre sionistas e palestinos é permeada pela apropriação das suas próprias tragédias como narrativa unificadora de cada grupo. A narrativa da Shoah e a narrativa da Nakba são utilizadas para que cada grupo se entenda como vítima e, assim, atribua ao outro a função do algoz. O desconhecimento que há em relação ao outro lado, é o que contribuí para manter o status do conflito.
Para Michel a saída pelo conflito passa pela exigência de que palestinos e israelenses escutem e entendam a dor e a história do outro lado