O IBI fez uma curadoria de livros de autores israelenses ou de histórias sobre Israel. Será um trabalho contínuo do nosso instituto recomendar leituras, mas aqui vai a primeira leva de dicas!
SETE ANOS BONS
Autor: Etgar Keret
Editora: Rocco
A combinação de humor e compaixão – marca da literatura de Etgar Keret – volta a encantar e surpreender em Sete anos bons. Considerado o principal autor israelense de sua geração, Keret registrou sua rotina durante sete anos, em crônicas e contos que vão do nascimento do filho até a morte do pai. Com momentos de estranha realidade e outros de puro nonsense, mas sem jamais perder de vista a ternura, o resultado é um retrato original e sensível da vida israelense contemporânea.
Na tradição do Velho Testamento, os sete anos de abundância no Egito foram seguidos de sete anos de fome. Os bons tempos de Keret começam na maternidade enquanto aguarda o nascimento do filho. Só que são “bons tempos” que não fogem à normalidade. O parto teve de esperar até que os médicos atendessem uma emergência: feridos de um ataque terrorista.
Os 36 textos curtos do livro levam o leitor a conhecer o modo de vida de Israel às voltas com guerras e conflitos políticos, e como, mesmo assim, os habitantes conseguem respirar mantendo uma sociedade moderna e globalizada. O que importa para Keret, no entanto, é revelar como as dificuldades podem ser enfrentadas através da sátira e do humor negro.
A história pessoal do escritor parece conter a história de todo o país: os pais sobreviventes do Holocausto na Segunda Guerra; a irmã mais velha que abraçou a religião ortodoxa e teve 11 filhos, cada um deles com um nome duplo composto por hífen, como é do costume hassídico; o irmão pacifista a favor da legalização da maconha.
É difícil, até para o filho pequeno de Keret, fugir ao destino que a sociedade obriga. A crônica “Exército de fraldas” mostra que conversar na escola com outros pais de meninos de três anos inclui uma pergunta obrigatória: “Lev irá para o Exército quando crescer?”
Mas quem se revela por inteiro nas páginas do livro é o próprio escritor. Acompanhar o dia a dia de Keret é descobrir de onde ele tira a inspiração para suas histórias, que alguns críticos comparam às de Kafka. Sete anos bons é uma coletânea de histórias que se lê com um sorriso no rosto, mas que calam fundo, pois sabemos que seus protagonistas jogam com a vida.
MINHA TERRA PROMETIDA
Autor: Ari Shavit
Editora: Três Estrelas
Best-seller nos EUA, “Minha terra prometida” é uma fascinante história de Israel, contada a partir de dezesseis datas cruciais da construção do Estado judeu e centrada principalmente na dimensão humana dos fatos. No início, encontramos um sionista britânico que visitou a Terra Santa em 1897 e entendeu que estava ali o caminho do futuro para o seu povo.
A seguir, descobrimos um jovem agricultor judeu que, nos anos 1920, ajudou a expandir a economia na região. Na década de 1940, somos apresentados ao líder de um grupo que fez das ruínas de Massada um símbolo para o sionismo. Em seguida, conhecemos a história de um palestino que foi vítima das expulsões promovidas pelo Exército israelense em Lida, em 1948 – episódio brutal que o jornalista Ari Shavit qualifica como a “caixa-preta” de Israel.
A chegada dos órfãos do Holocausto ao país, o programa nuclear israelense nos anos 1960, os religiosos que começaram o movimento dos colonos na década de 1970 e a vida atual em Israel ocupam as páginas seguintes do livro.
COMO CURAR UM FANÁTICO
Autor: Amós Oz
Editora: Companhia das Letras
O romancista Amós Oz cresceu na Jerusalém dividida pela guerra, testemunhando em primeira mão as consequências perniciosas do fanatismo. Em dois ensaios concisos e poderosos, o autor oferece uma visão única sobre a natureza do extremismo e propõe uma aproximação respeitosa e ponderada para solucionar o conflito entre Israel e Palestina. Ao final do livro há ainda uma contextualização ampla envolvendo a retirada de Israel da Faixa de Gaza, a morte de Yasser Arafat e a Guerra do Iraque.
A brilhante clareza desses ensaios, ao lado do senso de humor único do autor para iluminar questões graves, confere novo fôlego a esse antigo debate. Oz argumenta que o conflito entre Israel e Palestina não é uma guerra entre religiões, culturas ou mesmo tradições, mas, acima de tudo, uma disputa por território – e ela não será resolvida com maior compreensão, apenas com um doloroso compromisso.
Não se trata, argumenta Oz, de uma luta maniqueísta entre certo e errado, mas de uma tragédia no sentido mais antigo e preciso do termo: uma batalha entre o certo e o certo.
Sem temer a polêmica, o livro apresenta argumentos precisos favoráveis a uma solução que acomoda dois estados nacionais diferentes e também realiza um diagnóstico sutil sobre a natureza do fanatismo, calcada na predominância dos sentimentos sobre a reflexão.
Esclarecedor e inspirado, Como curar um fanático é uma voz de sanidade em meio à cacofonia das relações entre Israel e Palestina – voz que ninguém pode se dar ao luxo de ignorar.
(resenha da Cia das Letras)
JERUSALÉM, UMA BIOGRAFIA
Autor: Simon Sebag Montefiore
Editora: Companhia das Letras
Nesse livro, Montefiore desenha um panorama completo sobre a história de Jerusalém. O autor chama atenção para o fato de que, muitos dos mapas-múndi antigos, tinham como centro geométrico as coordenadas da cidade, e ressalta a importância de todas as esferas simbólicas de Jerusalém: política, emocional, espiritual, social.
Assim como em outras biografias, o historiador faz uma detalhada descrição de como Jerusalém foi e é o epicentro de lugares sagrados para as três religiões monoteístas, assim como para seus peregrinos e curiosos.
ISRAEL EM ABRIL
Autor: Erico Verissimo
Editora: Companhia das Letras
Neste texto prazeroso, leve e de notável atualidade, Erico Verissimo se indaga sobre as raízes, a história e o destino dos judeus e do judaísmo. Para ele, a fundação do Estado de Israel teria sido o início de uma era de paz para a humanidade. Escrito em forma de diário, Verissimo convida o leitor a viajar com ele como se estivesse metido em sua pele.
O roteiro da viagem, na companhia da esposa Mafalda, inclui visitas a diversas cidades e vilarejos, kibbutzim, personalidades, amigos, universidades e museus. Refletindo constantemente sobre o que vê, Verissimo antecipa uma das questões centrais do semitismo pós-Israel: será que agora o judaísmo deixará de ser uma cultura para virar uma civilização – destinada, como toda civilização, a um período do inverno, da velhice e da morte? Será que uma eventual decadência da civilização do novo Estado sionista […] vai matar a cultura judaica? Erico aposta que não, convencido de que a diáspora judaica nunca deixará de existir.
FOGO AMIGO
Autor: A. B. Yehoshua
Neste romance, ambientado em paisagens africanas, o autor israelense retrata uma família de classe média israelense e discute o conflito nas fronteiras da Cisjordânia.