Psicólogos se juntaram ao crescente movimento de profissionais, acadêmicos e figuras religiosas que pedem ao governo israelense que interrompa o plano de expulsão de dezenas de milhares de requerentes de asilo. E anunciaram que eles trabalharão ativamente para impedir as deportações forçadas.
Na semana passada, foram realizados protestos depois que vieram à tona os relatórios indicando que o governo estava planejando dar início às deportações de refugiados nas próximas semanas, tendo assinado acordos com Ruanda e Uganda para levar cerca de 35 mil refugiados que chegaram a Israel no último anos, principalmente da Eritreia e do Sudão.
Em sua carta ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, 530 psicólogos escreveram que o plano “irá adicionar o Estado de Israel ao ciclo de danos causados aos refugiados”, informou o site de notícias israelense Walla, nesta quarta-feira. “Uma grande parcela dos requerentes de asilo já passaram por experiências difíceis, incluindo a perseguição em seus países de origem, sob regimes repressivos e autoritários”.
Um grupo separado de 350 médicos assinaram cartas exigindo que o governo suspendesse as deportações.
Em sua carta a Shlomo Mor-Yosef, diretor-geral da Autoridade de População e Imigração, os médicos exigiram uma suspensão das expulsões, escrevendo que “não podem permitir” enquanto o destino de seus pacientes continua incerto, e acrescentando que seu silêncio equivaleria a consentir em “prejudicar os que já sofrem mais dificuldade em toda a humanidade”.
Os signatários da carta incluíam dezenas de gerentes hospitalares seniores, chefes de departamento e outros profissionais médicos, incluindo enfermeiros e assistentes sociais. Eles escreveram que recuam da visão de que os requerentes de asilo são vítimas “que vieram até nós em seu voo de fuga do genocídio, tortura, violência e estupro”, dizendo, ao invés disso, que o país estava “condenando-os a sofrer danos permanentes”. Eles também criticaram os planos do governo por alegadamente não fornecerem uma exceção para os doentes, os fracos e os mais vulneráveis.
Mas não são apenas os profissionais de saúde que enfrentaram os planos do governo.
Um grupo de pilotos de El Al declarou no Facebook que não levariam os requerentes de asilo africanos se estivessem sendo deportados à força. El Al não voa para Ruanda e Uganda, então sua recusa não afetaria as expulsões, que geralmente são conduzidas através de companhias aéreas estrangeiras da Jordânia ou Turquia.
No entanto, o punhado inicial de pilotos que se manifestaram contra o plano foram acompanhados, na quarta-feira, por mais quase 150 membros da tripulação de voo que, em um anúncio da primeira página do Haaretz, condenaram as transferências forçadas e convocaram todas as companhias aéreas para que não cooperassem com elas.
Muitos dos refugiados tiveram filhos em Israel, e cerca de 50 diretores de escolas de todo o país escreveram para Netanyahu e o ministro da educação exigindo que eles parassem as deportações.
“Ensinamos dezenas de milhares de estudantes sobre o nosso passado como refugiados, pessoas perseguidas e requerentes de asilo durante os períodos mais sombrios da história humana, por um compromisso pessoal e profissional para garantir que “nunca mais”, escreveram os diretores. “Acreditamos que aqueles que solicitam asilo, como todas as pessoas, têm o direito de ter seus direitos naturais protegidos, em virtude de serem seres humanos, em virtude das convenções que Israel assinou e em virtude da Declaração de Independência e dos valores judaicos e humanos de Israel”.
Uma petição também foi assinada por mais de 400 personalidades do cinema e televisão, incluindo três vencedores do Prêmio Israel: os cineastas Ram Loevy, Yehuda Ne’eman e David Gurfinkel.
Refugiados “querem viver aqui e viver com dignidade. Seu número é muito pequeno, menos da metade de um por cento da população israelense”, escreveram os artistas. “Israel não tem dificuldade financeira em absorvê-los e dar-lhes uma vida de honra. Não há nenhum problema em mudar suas condições de pessoas invisíveis e sem identidade em moradores com um nome e uma identidade – e, juntamente com a identidade, responsabilidade e contribuição para a sociedade israelense”.
Sentimentos semelhantes foram expressados por cerca de 470 acadêmicos, que escreveram a Netanyahu e ao presidente Reuven Rivlin, lembrando que a maioria dos países fecharam suas portas aos refugiados judeus antes da Segunda Guerra Mundial.
“Devemos lembrar que nós também fomos perseguidos e vitimados”, escreveram. “Nós também fomos estrangeiros e devemos abraçar felizmente os refugiados que fugiram de sua pátria para salvar a vida suas vidas e de suas famílias”.
Um grupo de rabinos adotou uma abordagem mais ativa, lançando um programa ativista pedindo aos israelenses que imitassem os civis holandeses que ajudaram Anne Frank e sua família ao esconder os requerentes de asilo em suas casas.
A iniciativa – liderada pela rabina Susan Silverman, a irmã da comediante Sarah Silverman – levantou algumas sobrancelhas, mesmo entre os apoiadores dos refugiados, por comparar o destino dos requerentes de asilo com o da judia adolescente que foi capturada e enviada para morte em um campo de concentração.
No entanto, Silverman, um rabino reformista de Jerusalém, diz que centenas de pessoas já se comprometeram a acolher refugiados como parte do movimento do Santuário do Lar Anne Frank.
“Rezamos para que não cheguemos a este ponto, mas estamos nos organizando caso isso venha a acontecer. Esperamos que o governo mude de ideia, e nós estamos recebendo muito apoio”, disse ela na segunda-feira. “Se eles quiserem atacar casas de cidadãos, é isso que eles terão que fazer. Não vamos facilitar que eles deportem pessoas para a morte. Esse é o requisito mínimo de ser um Estado Judeu”.
Leia a notícia original no Haaretz.
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