Um grupo de pilotos de El Al declarou no Facebook que não fará os vôos de africanos que pediram asilo em Israel para Ruanda caso eles sejam deportados à força pelo país. A declaração, entretanto, não afetará as deportações planejadas, já que El Al não opera vôos para Ruanda. Até agora, os deportados foram transferidos para Ruanda em companhias aéreas estrangeiras através da Jordânia, Turquia e Etiópia.
Um dos pilotos, Iddo Elad, escreveu: “Estou com muitos dos meus colegas e declaro que não irei levar refugiados para a morte. Não serei parceiro de tal barbarismo”. Outro, Shaul Betzer, afirmou: “Não há nenhuma maneira de eu, como parte de uma tripulação de vôo, levar refugiados / requerentes de asilo a um destino onde suas chances de sobreviver (num “terceiro país”) são minúsculas”. E um terceiro piloto, Yoel Piterbarg, escreveu: “Os refugiados que já estão vivendo entre nós não podem ser jogados como cães vagabundos de volta para seus países, onde o sofrimento, violação de mulheres e meninas e morte agonizante os aguarda – lugares como Sudão do Sul e outros países africanos. Deixe os refugiados permanecerem aqui e que sejam atendidos imediatamente, como seres humanos. Assim como os judeus foram refugiados, procurando cuidado e não expulsão”. Piterbarg acrescentou: “Não irei transportar refugiados sendo deportados contra a vontade deles, mesmo que apenas pelo motivo legal (não há outra) que eles possam pôr em perigo a segurança do vôo”.
Ruanda e Uganda são países para os quais o governo israelense planeja deportar cerca de 35 mil requerentes de asilo eritreus e sudaneses que entraram ilegalmente em Israel desde os anos 2000.
O grupo de ação da comunidade Zazim informou que cerca de 7.500 cidadãos apelaram, nos últimos dias, para que os pilotos não cooperassem com as deportações planejadas. Eles disseram que membros escreveram cartas pessoais para a Associação de Aviação de Israel e empresas que fornecem serviços terrestres para companhias aéreas internacionais no aeroporto Ben-Gurion.
Os ativistas pediram que pilotos e equipes terrestres se recusassem a dirigir refugiados a qualquer país africano onde suas vidas estaria em perigo.
Na segunda-feira, milhares de requerentes de asilo protestaram na frente da embaixada de Ruanda em Herzliya, contra as deportações planejadas. Alguns dos cartazes diziam: “Deportação para Ruanda – sentença de morte”; “De requerente de asilo em Ruanda a mercadoria na Líbia” e “Vidas Negras Importam – não em Israel”.
Em resposta aos comentários de seus pilotos, a El Al disse que “não foi solicitada pelo Estado a fazer vôos de refugiados”.
Leia a matéria original, publicada pelo jornal israelense Haaretz.