“Batalha contra o terrorismo passa pelo terreno da comunicação”

Preocupados com a crescente radicalização no mundo, um grupo de jornalistas brasileiros criou uma plataforma online para dar mais visibilidade às instituições que combatem o extremismo fazendo uso das palavras.

Intitulada Words Heal the World (Palavras Curam o Mundo) o portal está no ar desde o final de julho. “Os meios digitais parecem ter impactado de modo decisivo na difusão de ideologias extremistas pelo mundo”, afirma Beatriz Buarque, idealizadora do projeto, em entrevista ao IBI.

Formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a jornalista dedica-se a estudos de mídia e extremismo desde 2015. Por meio de suas pesquisas sobre a influência da internet na expansão do terrorismo, descobriu detalhes da atuação de extremistas. “Vários grupos possuem produções próprias de conteúdo em revistas eletrônicas, vídeos, contas no Twitter e alguns, como o Daesh, têm utilizado até jogos de videogame para atrair crianças”. 

Por isso, o site propõe que o combate ao extremismo deve começar nas áreas de comunicação, tendo os jornalistas papel importante a desempenhar para esse fim. “Aqui no Brasil, vamos estimular estudantes de jornalismo a escreveram matérias e produzirem vídeos sobre o combate ao extremismo direcionados não só ao mundo acadêmico, mas principalmente aos jovens”, completa Beatriz. 

Na plataforma, as pessoas podem procurar instituições que combatem o extremismo por continente, conhecer um pouco seu modo de ação, obter informações sobre as estratégias usadas por alguns grupos para recrutar jovens e ainda se informar sobre pesquisas e ações de combate à radicalização. 

Leia a seguir os principais trechos da conversa

Quais foram as motivações para a criação desta plataforma?

Sou jornalista e desde o ano passado venho estudando a influência da Internet na expansão do terrorismo no mundo. Durante as pesquisas descobri que vários grupos extremistas possuem produções próprias de conteúdo em revistas eletrônicas, vídeos, contas no Twitter e alguns, como o Daesh, têm utilizado até jogos de videogame para atrair crianças. Toda essa estrutura me deixou assustada ao perceber que a batalha contra o terrorismo atual vai muito além das áreas de conflito e passa pelo terreno da comunicação. A partir daí, comecei a buscar instituições que se dedicavam a usar as palavras para evitar que mais jovens fossem recrutados por grupos extremistas, e descobri que existem inúmeras organizações desse tipo, mas que poucas pessoas conhecem o trabalho delas. Como sou jornalista, criei o portal Words Heal the World com essa missão: ajudar a dar mais visibilidade ao trabalho das organizações que usam as palavras para evitar a propagação de ideologias extremistas. Nossa plataforma destaca as instituições que combatem o extremismo religioso e o de direita, que vêm crescendo muito atualmente. 

De que forma os meios digitais impactaram na difusão de plataformas extremistas e como esses mesmos meios podem ser usados para combatê-las? 

Os meios digitais parecem ter impactado de modo decisivo a difusão de ideologias extremistas pelo mundo. Atualmente, qualquer um pode criar conta nas redes sociais, utilizar aplicativos de comunicação, como Telegram e Whatsapp, publicar vídeos no YouTube, criar site, etc. Grandes companhias de comunicação como Facebook e Twitter já vêm trabalhando na eliminação de contas com conteúdo extremista, no entanto, pesquisas apontam que a cada conta eliminada, surgem centenas de outras, tornando essa tarefa ainda mais árdua. Ao estudar o impacto dos meios digitais na expansão do terrorismo, encontramos dados assustadores:

– em 2013, um jovem checheno explodiu uma bomba durante a maratona de Boston e ele aprendeu a fazer a bomba através de um vídeo tutorial divulgado pela Al-Qaeda.

– de acordo com a polícia britânica, Khalid Maood, responsável pelo atentado em Westminster, usou o aplicativo Telegram momentos antes de atropelar as pessoas na ponte.

– em 2015, o número de foreign fighters que deixaram seu país de origem para se juntarem a grupos extremistas na Síria e Iraque passou de 20.00 de acordo com dados do ICSR. Muitos deles tomaram conhecimento das táticas usadas pelos grupos através das mídias sociais.

Diante dos fatos, pesquisadores já chegaram à conclusão que as mídias digitais acentuaram o caráter transacional de alguns grupos terroristas e começaram a investir em estratégias contraterroristas no âmbito da informação. Como essa é também uma batalha na esfera da comunicação, penso que é necessário engajar jornalistas de modo a estimulá-los a desenvolver mensagens que atraiam a atenção dos jovens e os mantenha afastados de ideologias extremistas. Uma outra estratégia é justamente fortalecer as instituições que combatem o extremismo, atuando nas comunidades e com famílias e escolas. Nosso site busca dar visibilidade a essas organizações. Vamos fechar também uma parceria com uma universidade brasileira, de modo a engajar os estudantes nessa luta, que é de todos nós.


Que tipos de atividades o grupo propõe para o mundo e para o Brasil?

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Aqui no Brasil, vamos estimular estudantes de jornalismo a escreveram matérias e produzirem vídeos sobre o combate ao extremismo, direcionados não só ao mundo acadêmico, mas principalmente aos jovens. Se grupos extremistas utilizam a palavra como arma, vamos usar a palavra para a paz e tentar transformar um círculo vicioso em virtuoso. Como o site é voltado principalmente para o público jovem estrangeiro, nos próximos meses, iremos lançar também um canal no YouTube com reportagens sobre as atividades desenvolvidas por instituições que combatem o extremismo no Reino Unido, ampliando ainda mais a visibilidade destas. Muitos pesquisadores já estão se dedicando ao assunto, mas o que percebo é que os jornalistas precisam se engajar mais, pois os grupos extremistas priorizam a disseminação do discurso de ódio e, nós, jornalistas, podemos ajudar muito, já que nossa ferramenta é a mensagem. 

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