Na luta aberta que estamos assistindo entre o poder executivo e o poder judiciário, alusões ao nazismo apareceram novamente na cena pública brasileira. Dessa vez, em jogo reverso.
Como todos sabem, ministros do governo federal têm sido criticados por trazerem à tona discursos que se assemelham ao nazismo, em forma e conteúdo. Em meados de janeiro, o ex-secretário de cultura Roberto Alvim divulgou um vídeo emulando a estética e o discurso de Joseph Goebbels; e ainda este mês, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência (Secom) publicou uma variação da frase escrita nos portões do campo de concentração de Auschwitz: “O trabalho liberta”.
Agora, invertendo as acusações, membros do executivo nacional e aliados de Bolsonaro reagem ao inquérito das Fake News do STF tratando seus ministros como nazistas.
Entre ontem e hoje, para citar alguns exemplos:
[1] Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, investigado por disseminação de fake news e ataques à instituições nas redes sociais, se referiu ao STF como o Tribunal do Terceiro Reich, instituído por Hitler.
[2] Abraham Weintraub, ministro da educação, fez alusão à caça aos judeus pelos nazistas para se referir à ação da PF iniciada a partir da determinação do STF. Segundo ele, o dia de hoje será lembrado como a “Noite dos Cristais” brasileira.
[3] Allan do Santos, jornalista do Terça Livre e alvo da mesma operação da Polícia Federal, compara o Ministro Alexandre de Moraes a Hitler.
É risível e trágico: aqueles que incorporam a linguagem e a estética nazista agora acusam os outros da mesma coisa para se vitimizarem.
Apenas parem. Vocês ofendem a memória das verdadeiras vítimas do nazismo e não enganam ninguém.