Tel Aviv, a cidade mais cara do mundo: o preço do sucesso econômico de Israel

TEL AVIV – Quem mora em Israel sabe como viver no país se tornou caro, nos últimos tempos. Isso foi ratificado pelo mais recente “Índice Mundial de Custo de Vida” da Economist Intelligence Unit, a divisão de pesquisa e análise da revista The Economist. De acordo com o índice, um relatório anual que compara preços em 170 grandes cidades em todo o mundo, Tel Aviv, a capital financeira israelense, subiu cinco degraus em 2021 para chegar ao 1º lugar, batendo Paris, Cingapura, Zurique, Hong Kong, Nova York, Genebra, Copenhague, Los Angeles e Osaka, que completam os 10 primeiros lugares.

Só lembrando que São Paulo e Rio de Janeiro ficaram em 150° lugar no ranking entre as 170 cidades estudadas. 

Por que Tel Aviv está tão cara? De certa forma, Israel está pagando o preço de seu sucesso. A economia vai tão bem que o shekel é uma das moedas que mais se valorizaram, no mundo, em 2021 (6%), mesmo no meio de uma pandemia global. O real se desvalorizou em 20%, para comparar. A maneira como o país conseguiu lidar com a Covid-19 – sendo o pioneiro na vacinação em massa – também ajudou, além do forte superávit, a atratividade para investidores estrangeiros e o sucesso das startups locais.

Os preços de comida, bebida, roupas, itens de higiene pessoal e transporte estão altíssimos. Mas o que torna a região central de Israel tão cara é o aumento astronômico dos preços dos imóveis nos últimos 12 anos ou 13 anos. Desde 2008, o preço dos aluguéis e da compra de casas não para de subir. Um apartamento que, em 2008, valia 800 mil shekels, vale hoje pelo menos 2 milhões. Um aumento de quase 150% em apenas uma década! Certamente, os salários não aumentaram isso tudo.

Os israelenses mais velhos ainda se lembram dos “bons tempos” do século XX, quando Israel ainda era considerado um país em desenvolvimento e com economia quase fechada para o exterior. Até o fim da década de 70, era quase um país socialista, liderado pelo Partido Trabalhista e baseado em ideais de “welfare state”. Poucos tinham carro ou TVs coloridas. É notória a história de que o governo mandava transmitir todos os programas de TV em preto e branco para “igualar” ricos e pobres e evitar a importação de televisões caras, mesmo quando o programa havia sido filmado em cor.

Me lembro da primeira vez que vim a Israel, em 1986, quando Israel passava por uma crise econômica daquelas, logo após acabar com uma hiperinflação galopante. Os produtos nos supermercados eram básicos, os prédios eram feios e velhos, tudo parecia estar coberto de areia, a TV tinha apenas um canal. Os kibutzim, utopia socialista, quebravam um atrás do outro por falta de dinheiro. Era um país “básico” e a sociedade parecia mais igualitária. Até porque ninguém tinha muito. 

Mas tudo começou a mudar em meados da década de 90, com o surgimento do setor de alta tecnologia. Israel investiu nesse setor, educando os jovens para o empreendedorismo. As faíscas de paz com os palestinos após os Acordos de Oslo levaram Israel a se abrir mais para o mundo. No século XXI, Israel passou a ser a “Startup Nation”, um país desenvolvido, com economia forte. Abraçou a globalização e o capitalismo, mesmo ainda oferecendo educação e saúde gratuitas. Os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres, mais pobres. 

Tudo isso pega de surpresa os brasileiros que vêm para cá, principalmente os que fazem aliá. Eles chegam achando que vão conseguir manter seu status e nível de vida aqui, mas rapidamente entendem que, com o mesmo dinheiro que ganham no Brasil (aposentadorias, economias, salários…) vale muito menos. Que não podem comprar um apartamento do mesmo nível aqui, se venderem o que têm no Brasil. O choque econômico, além do cultural, é difícil de superar. 

Mas, novamente, esse é o preço do sucesso israelense, da economia estável, de lidar bem com a pandemia, da educação para o empreendedorismo. O país sobe e o custo de vida, com ele.

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