Israel de volta às urnas pela quarta vez? É possível!

Benny Ganz (à esquerda) e Benjamin Netanyahu (à direita)

TEL AVIV – Uma quarta eleição? Por incrível que pareça, há essa possibilidade. Mal o novo governo israelense começou, pode cair. Se o orçamento do país não foi votado até 25 de agosto, os israelenses terão que voltar às urnas. É só aprovar o orçamento e fica tudo bem, certo? Certo. 

O problema é que para aprovar algo no Knesset liderado pela coalizão entre o Likud e o Azul e Branco é preciso que esses dois partidos se entendam. Dois partidos que têm interesses completamente diferentes, às vezes opostos. A “união” entre o direitista Likud e centro-esquerdista Azul e Branco parece tão frágil quanto uma pluma ao vento. Pouca gente apostava, desde o início, em sua sobrevivência.

Resultado: em meio à pandemia do coronavírus, à maior crise de desemprego no país, o orçamento pode não ser aprovado e uma quarta eleição desde abril de 2019 pode ser convocada. O Likud exige que o orçamento contemple só 2020. Quer dizer, só duraria pouco mais de quatro meses.  Já Azul e Branco acha isso ridículo e quer um orçamento para 2020 e 2021, evitando novas votações no começo de 2021 e ajudando o país e planejar suas finanças por mais de quatro meses. 

“O que queremos é flexibilidade agora, justamente por causa do coronavírus e da crise econômica”, alega o parlamentar Shlomo Karhi, do Likud. “O que Israel precisa agora é reabrir as escolas e, para isso, precisamos de orçamento imediatamente e não ficar fazendo contas em relação ao ano que vem”.

Entre uma ideia e outra, claro, há visões políticas. O primeiro-ministro Netanyahu não quer se comprometer com um orçamento de longo prazo já que não estará – teoricamente – no poder daqui a um ano. Isso é parte do acordo de coalizão, assinado em abril. 

Pelo acordo de coalizão, ambos chamados “Benjamins” ocupariam a cadeira de primeiro-ministro por 18 meses, numa alternância de poder chamada “rotação”. O primeiro “Benjamin”, o Bíbi Netanyahu ocuparia a cadeira de premiê nos primeiros 18 meses. Depois, se tornaria vice-premiê. E o segundo “Benjamin”, o Benny Gantz, atual ministro da Defesa e vice-premiê, ocuparia o cargo pelos demais 18 meses.

“Netanyahu está mentindo para o público quando atribui sua insistência em um orçamento de um ano a considerações econômicas”, diz um editorial do jornal Haaretz, que é notoriamente contra o primeiro-ministro. “Seus passos são ditados não pelo desejo de resolver a crise econômica, mas sim pelo desejo de dissolver o governo. Para ele, o orçamento é a única saída para escapar de sua promessa de alternar o cargo de primeiro-ministro com Benny Gantz. Ele se recusa a assinar um orçamento de dois anos para quebrar essa promessa. Netanyahu não está sacrificando o governo para salvar a economia, ele está sacrificando a economia para permanecer no poder”.

Os crescentes protestos contra Netanyahu talvez tenham feito o primeiro-ministro decidir definitivamente por desbandar o governo. Muitos dos manifestantes – que querem a renuncio de Netanyahu por causa de seu indiciamento por corrução – são apoiadores de Gantz, que está sob pressão para deixar de colaborar com Bíbi, no poder há 11 anos consecutivos.

Para resolver o impasse, pode ser que seja aprovada uma nova lei adiando a data limite para aprovação do orçamento. Mas isso só será resolvido caso haja vontade política. Caso o Haaretz esteja certo e Netanyahu esteja interessado em desmantelar o governo de união com o Azul e Branco, pode não haver solução a não ser um novo pleito.

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