Editorial: a ONU e a lista de empresas que atuam nos territórios palestinos na Cisjordânia

A fundação da ONU serviu para  que o mundo marcasse uma nova fase em seu desenvolvimento. Após as tragédias humanas da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto, perspectivas de paz e multilateralidade estavam sendo construídas por uma instituição que deveria mediar as relações entre as nações do mundo.

Não é casual que, junto as estruturas formativas da ONU, já em 1948, tenham surgido entidades na organização ligadas aos Direitos Humanos. A ONU surge junto a uma nova concepção de direitos humanos. Mais universal, inclusiva e progressista. Essa concepção, nascida em 1948, hoje está em crise. De todos os lados do espectro político, os direitos humanos sofrem acusações. Para a nova extrema direita, esses direitos são uma luta “de esquerda” e, para setores da extrema esquerda, os direitos humanos protegem apenas privilegiados. Tanto um lado como o outro desconsideram o importante legado pós-holocausto: de que direito a humano é  a garantia de vida e dignidade para todos, sem exceção de gênero, raça, religião ou opinião política.

Por isso, nos causa muita preocupação quando vemos o Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU publicando lista sobre empresas que, supostamente, contribuem para a manutenção da ocupação israelense dos territórios palestinos conquistados em 1967. Quem conhece a complexa realidade da região sabe que, reduzir essas empresas a apoiadores da ocupação, é injusto e pouco verdadeiro. Trata-se de uma simplificação que fortalece radicais de todos os lados.

A lista do Alto Comissariado da ONU, típica de regimes autoritários, parece ignorar situações muito mais graves de ameaça aos direitos humanos hoje no mundo.

Ao publicar tal lista, a Organização das Nações Unidas acaba por ideologizar o conceito dos direitos humanos e fortalece posições que tentam desconsiderar esse legado da modernidade e da Shoá. A publicação da lista negra enfraquece a própria ONU colocando-a como  parte interessada no jogo político internacional.

Nós lamentamos a publicação da lista negra, mas países como Irã e Síria comemoraram. O que pode ser um bom sinal do lado que estamos.

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