Dia do Holocausto de 2022 à sombra do aumento do antissemitismo

TEL AVIV – Há 16 anos, o dia 27 de janeiro é uma data solene: o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, de acordo com uma resolução da ONU de 2006. A data foi escolhida por ser o dia, em 1945, quando o campo de extermínio de Auschwitz foi liberado pelas tropas aliadas. Em Israel, na verdade, o Dia do Holocausto cai entre maio e abril, já que muda de acordo com o calendário judaico. Mas acontece sempre oito dias antes do Dia da Independência.

Este ano, o fantasma do antissemitismo para estar mais presente e ameaçador. Levantamento da Agência Judaica e da Organização Sionista Mundial apontou que houve 10 casos diários relatados de antissemitismo em 2021. Mas o número deve ser muito maior porque a maioria das pessoas não relata os ataques. 

Em Israel, a percepção da população espelha o sentimento de que o antissemitismo está em alta, no mundo e, mais especificamente, na Europa. Pesquisa da Universidade Hebraica de Jerusalém revelou que 53% dos israelenses estão pessimistas e esperam que a situação piore na Europa. A pesquisa foi feita com mil israelenses judeus e árabes. Abaixo, os principais resultados:

Os entrevistados disseram esperar que a vida judaica na Europa enfrente mais hostilidade no futuro: 53% dos entrevistados judeus acreditam que a situação dos judeus na Europa vai piorar, com apenas 25% acreditando que as coisas continuarão as mesmas. Quanto mais velho o entrevistado, mais pessimista. Entre os entrevistados árabes, a percepção dominante foi de que a situação dos judeus na Europa permanecerá a mesma (52%) ou até melhorará (20%). 

Segundo os entrevistados, a França é o país mais antissemita da Europa, com Polônia e Alemanha em segundo e terceiro lugar. 

Só um terço dos judeus pesquisados estabeleceu uma ligação direta entre as críticas a Israel e o antissemitismo, mesmo que a maioria dos entrevistados tenha dito acreditar que às vezes há uma ligação entre os dois. Quer dizer, para os israelenses, criticar Israel não é um ato de antissemitismo em si.

A professora Gisela Dachs, do Fórum Europeu da Universidade Hebraica e principal autora da pesquisa, disse que a percepção da França no topo da lista de nações europeias antissemitas não a surpreendeu: “Por muito tempo, ninguém falava abertamente que a França é repleta de antissemitismo, e não apenas os políticos e os ativistas de extrema-direita. Desde a Segunda Intifada de Israel, em 2000, os judeus franceses começaram a sentir que pode não haver futuro para a geração mais jovem na França e muitos emigraram para Israel”.

O fato de que o antissemitismo está de novo em alta na Europa apenas 77 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial é um péssimo sinal. Muitos, no mundo, veem a Europa como o continente mais iluminado, civilizado, racional e desenvolvido do planeta. O Velho Mundo, palco de tantas descobertas e pensadores, de tanta arte e literatura. 

Mas a percepção engana. A Europa também foi – e ainda é – palco de muita violência, preconceito, xenofobia e ideias intolerantes em geral. O Holocausto foi o ponto mais baixo da História de região. Mas o continente que, há menos de 80 anos, se destruiu por causa de ideias nazistas e fascistas, parece não ter aprendido muito.  

Mas se a Europa realmente lidera o número de incidentes antissemitas ocorridos em 2021, com cerca de 50% de todos os incidentes antissemitas, segundo o relatório da OSM e da Agência Judaica, o Velho Mundo não está sozinho. O antissemitismo, claro, não só uma doença europeia. Os Estados Unidos foram palco de 30% dos incidentes antissemitas, no ano passado. 

Nova York registrou um aumento de 100% no número de ataques antissemitas, com 503 incidentes em 2021, em comparação com 252 em 2020. Até no Canadá e na Austrália houve um aumento dramático no número de incidentes antissemitas.

A única lição a aprender disso tudo é que é preciso lembrar, ano após ano, a morte dos 6 milhões de judeus (ou mais, segundo novas pesquisas) e de tantas outras minorias e civis durante o Holocausto. Principalmente num momento em há cada vez menos sobreviventes vivos. É fácil esquecer. Mas não podemos.

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