A segunda onda de corona em Israel já é realidade

Foto de Jack Guez

TEL AVIV – O coronavírus voltou, em Israel. E ninguém sabe como será a segunda onda. Desde 12 de maio eu não escrevo aqui sobre o Covid-19. Por seis semanas, esse foi o único assunto desta coluna. Mas, quando a situação melhorou, em maio, com uma queda dramática no número de infectados e de mortos pela Covid-19, parece que o país “esqueceu” da pandemia. No dia 24 de maio, só foram registrados cinco novos infectados e nenhuma morte. A primeira onda parecia ter passado. Sim, era necessário reabrir a economia. Sim, era necessário que as pessoas voltassem a trabalho (o desemprego pulou de 4% para mais de 27%). Mas a situação mudou. 

Desde o dia 4 de junho, o número de infectados diários ultrapassa (com poucas exceções) os 100. Em 12 de junho, já havia pulado para mais de 200, cifra que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou como nível máximo para um novo fechamento da economia. No dia 19 de junho, foram registrados mais de 300 novos infectados, mas o governo não fez nada.

O número de mortes também começa a subir. Até agora, foram 307 mortos. O pior dia da epidemia foi 16 de abril, com 14 mortos em apenas 24 horas. Em 21 de maio, não morreu ninguém, o que levou ao otimismo e à reabertura da economia. Mas, duas semanas depois, no dia 2 de junho, morreram cinco pessoas. Na última semana, o número de mortes oscila de zero a dois por dia. Atualmente, Israel tem cerca de 5 mil doentes (15 mil já se curaram).

Os números podem parecer baixos na comparação com o Brasil. E são mesmo. Os israelenses ficaram em casa – em vários níveis de lockdown – por mais de dois meses e o governo levou tudo muito a sério. Um surto pior foi evitado. Quase tudo fechou, os cidadãos ficaram bastante tempo sem poder se afastar mais de 100m de suas casas. Não houve jantares de família em Pessach e nem festas do Dia da Independência. Algumas cidades e bairros foram totalmente isoladas. 

Mas, com as boas notícias, as restrições foram relaxadas e as pessoas começaram a sair às ruas cada vez mais, desrespeitando as orientações médicas. Aos poucos, quase tudo reabriu, incluindo escolas e feiras. A mais recente reabertura incluiu casas de festas, piscinas e até teatros e cinemas. Jogos de futebol voltaram (sem público). Muita gente decidiu que estava “tudo bem” e deixou as máscaras em casa (os espertinhos passaram a usá-las no queixo, como se assim pudessem enganar policiais diante de multas no valor de 200 shekels, cerca de R$ 300). E o resultado é um aumento dramático no número de infectados, com cenários nada simpáticos para julho. 

Diante do começo da segunda onda de coronavírus, o chamado “Gabinete do coronavírus” (um grupo de ministros e especialistas da área de saúde) já anunciou algumas medidas. Primeiro, alertou os hospitais para que, juntos, preparem 2 mil respiradores para as próximas semanas só para doentes graves do Covid-19 e mais 2 mil para doentes de outras síndromes respiratórias. Hoje em dia, só 30 pessoas estão fazendo uso dessas máquinas. 

Fora isso, a multa para quem anda sem máscara subiu imediatamente para 500 shekels (cerca de R$ 720) e foi anunciada a criação de uma “Autoridade de Cumprimento da Lei” para monitorar as ruas e os empresários para que cumpram as instruções de higiene e separação social de empregados e clientes. É possível, também, que aglomerações comecem a ser novamente proibidas, em festas, restaurantes e outros locais de lazer.

O gabinete também estuda retomar o aplicativo do Serviço de Segurança de Israel para monitorar os doentes e avisar aos não infectados se estiveram em contato com alguém que testou positivo. Esse tipo de aplicativo é polêmico porque muitos acreditam ser invasão de privacidade. Mas há quem considere necessário nesse caso de pandemia, se realmente for algo temporário e anônimo. 

Se em Israel a situação começa a piorar, o mesmo acontece entre os palestinos, que haviam superado bem a primeira onda. Agora, eles já registram 1.170 casos de infecção (568 deles doentes ativos), com cinco mortes. Nas últimas 24 horas, foram 60 novos casos. 

Novamente, não dá para comparar com o Brasil, onde já morreram mais de 50 mil em um país de 220 milhões. Israel e Palestina, com seus cerca de 15 milhões, correspondem a 7% disso. Então, para se comparar com o Brasil, o número de mortos, aqui, deveria ter chegado a 3.500. Na realidade, é menos de 350 (307 em Israel + 5 entre os palestinos). Apesar do começo da segunda onda, a situação na “Terra Santa” é menos dramática. Mesmo assim, é preocupante e merece atenção redobrada.

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